A GRÉCIA EM CHAMAS
Hoje, gregos e portugueses são irmãos da mesma dor. Os mesmos fenómenos climáticos, a mesma falta de recursos para o combate a incêndios. As mesmas lágrimas e a mesma dor
As imagens que recebemos da Grécia colocam-nos perante a nossa própria memória. Não é possível ver aquelas aldeias devastadas, os automóveis trucidados, as pessoas em pânico, as chamas enlouquecidas varrendo casas e florestas, sem que pelos olhos das nossas lembranças não passem as imagens da tragédia que vivemos há um ano. Ficam escombros, ruínas, cadáveres e um mar de gente aflita, completamente perdida, expressões de medo e testemunhos alucinados sobre os terríveis momentos que foram obrigados a viver para se salvar do Inferno. Hoje, gregos e portugueses são irmãos da mesma dor. Os mesmos fenómenos climáticos, a mesma falta de recursos para o combate a incêndios. As mesmas lágrimas e a mesma dor.
Não é uma história desconhecida para os povos do sul da Europa. Sempre conjugámos Verão com incêndios. Mas não com a brutalidade que em Portugal aconteceu, em 2017, e este ano em torno de Atenas. Espantoso é ver as florestas da Suécia a arder. Assim como da Finlândia e da Noruega. As terras do frio, da neve e do gelo estão sob uma forte vaga de calor. E aflitos. É tanta aflição que, até, Portugal envia ajuda. Um dos mais pobres países da Europa a ajudar um dos mais ricos. Não admira. Os suecos não têm a nossa memória cheia de lágrimas, mas também de saberes, no que respeita à relação com o incêndio florestal.
Por outro lado, nós gozamos um Verão manso. Por enquanto. O sol está mole, o vento manso, a humidade com vida. Completamente ao contrário do Verão de 2017. Só há uma explicação, ainda que vaga, e sem grandes soluções: as alterações climáticas tornaram o fogo caprichoso. Deixou de ser um património mediterrânico ou californiano. Saltita pelas regiões mais inverosímeis. É urgente que saibamos mais para lidar com este desafio.