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SALVA pelos gestos

Aos 17 anos, foi obrigada a abandonar a Guiné e, duas décadas depois, mudou-se para o Luxemburgo. Sem falar francês, encontrou uma solução

- TEXTO ISABEL LARANJO | FOTOS D.R.

NaturaldaG­uiné,TeresaBarr­eto,37 anos,tinha17qua­ndofoiobri­gada avirparaPo­rtugalapós­amorteda mãe.Porcá,tinhafamil­iarespróxi­mos e melhores perspectiv­as de futuro, mas, naquela idade, “não queria e custou-me”. “Também estava a sofrer muito, por causa de ter perdido a minha mãe, mas tinha as minhas irmãs em Portugal e acabei por me adaptar.”

Em Portugal, acabou por casar-se, divorciar-se e completar o curso de cabeleirei­ra, profissão que exerceu por cá e que também exerce no Luxemburgo. “Graças a Deus, consegui trabalho na mesma área. Vim de férias e gostei, acabei por querer ficar. Estou no Luxemburgo há seis meses e vim à procura de melhores condições, claro”, explica Teresa Barreto. A cabeleirei­ra tem família no Luxemburgo. Caso contrário, garante: “Tenho aqui um irmão e um sobrinho. Não teria vindo se não tivesse apoio de família, acho que poderia ser arriscado. Além disso, para mim, a família é o mais importante”, garante.

A principal dificuldad­e de Teresa Barre totem sido a língua .“Ainda não sei falar, mas consigo entender tudo .” Apesar delid ardi rectamente como público e ter de atendera os desejos da clientela, a cabeleirei­ra explica que “entendo tudo o que elas dizem e, quando é necessário, também fazemos alguns gestos”. “Acho que as pessoas vão-se sempre entendendo,éprec is oé boa vontade .”

LUXEMBURGU­ESESMAISRE­SPEITADORE­S

A guineense, aliás, sente-se mais bem acolhida no Luxemburgo do que se sentiu em Portugal. “Aqui ainda não senti qualquer tipo de discrimina­ção e aí senti, várias vezes”, avança. Teresa dá um exemplo recente: “Uma vez, eu e a minha sobrinha,

fomos passear a Campo de Ourique, de autocarro. Na vinda, ela quis vir de táxi e o taxista foi muito desagradáv­el e preconceit­uoso connosco.” A cabeleirei­ra já tem uma opinião formada, fazendo a comparação entre Portugal, para onde emigrou a primeira vez, e o Luxemburgo, a segunda pátria a acolhê-la. “Os luxemburgu­eses são mais respeitado­res do que os portuguese­s.” Teresa Barreto avança que no seu dia-a-dia o que mudou foi, sobretudo, o nível de vida. “Aqui é como em Portugal. O

“Tenho uma vida confortáve­l. O que mudou foi

o meu salário, de resto continua

tudo igual”

custo de vida é consoante o ordenado e, no meu caso, tenho uma vida bastante confortáve­l.” E, ao contrário de muitosemig­rantes,quesequeix­am de não poderem fazer saídas ou jantar fora, a cabeleirei­ra não vê assim a questão. “Tenho uma vida normalíssi­ma, não sinto isso. De vez em quando, vou jantar fora, não passo a vida fechada em casa. E quando como fora, não vejo grande diferença no preço, em relação a Portugal. O que mudou, para mim, foi mesmo o salário, de resto continua tudo igual.” ●

 ??  ?? Luxemburgo, o dia-a-dia não mudou. Notranspor­tes A cabeleirei­ra anda de públicos e gosta de fazer caminhadas. Teresa com um dos seus familiares, durante uma festa, no Luxemburgo.
Luxemburgo, o dia-a-dia não mudou. Notranspor­tes A cabeleirei­ra anda de públicos e gosta de fazer caminhadas. Teresa com um dos seus familiares, durante uma festa, no Luxemburgo.
 ??  ?? A emigrante sentese totalmente integrada, apesar de só estar há seismeses no Luxemburgo; e uma festa de aniversári­o, naquele país(à dir.).A guineense é cabeleirei­ra, profissão que aprendeu em Portugal e que continua a exercer além-fronteiras. Nas redes sociais, mostramuit­as vezes os seus trabalhos. Uma imagem do centro histórico da cidade do Luxemburgo, onde Teresa garante sentir muito apoio de todas as pessoas(à esq.).
A emigrante sentese totalmente integrada, apesar de só estar há seismeses no Luxemburgo; e uma festa de aniversári­o, naquele país(à dir.).A guineense é cabeleirei­ra, profissão que aprendeu em Portugal e que continua a exercer além-fronteiras. Nas redes sociais, mostramuit­as vezes os seus trabalhos. Uma imagem do centro histórico da cidade do Luxemburgo, onde Teresa garante sentir muito apoio de todas as pessoas(à esq.).
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