TV Guia

“Vai abrir-se um NOVO CICLO na ficção”

- TEXTO ISABEL LARANJO I FOTOS CARLOS RAMOS

A actriz é uma das estrelas da primeira trama portuguesa da estação de TV da Cofina e irá regressar, de propósito, a Portugal para as gravações. Estabeleci­da em Inglaterra com o marido, o músico Frederico Pereira, revela estar a cimentar uma carreira internacio­nal

Vai ser a protagonis­ta da primeira telenovela portuguesa da CMTV. Como é que se sente com este desafio? É óbvio que nem só de protagonis­tas vive um actor. Já tive oportunida­de de fazer personagen­s secundária­s que me deram muito prazer e a que me entreguei de igual maneira, como me vou entregar a esta. Ma suma protagonis­ta, uma personagem queécentra­l, é óptimo para um actor, porque há muito para trabalhar e há ligação a vários núcleos da história. Além disso, as pessoas ficam mais ligadas àquela personagem porque sabem mais sobre ela.

Já fez cinema, teatro e novela. Tem algum gosto particular neste género? Em relação às novelas há umaem relação aos temas, por exemplo. E sempre que estou a fazer novela sinto que estou mais perto do público.

De facto, as novelas chegam a muito mais pessoas.

Exactament­e. E como actriz, para mim, resulta sempre numa maior proximidad­e com as pessoas, daquilo que ela sacham de mim, ou da personagem, depende do que elas me dizem. É interessan­te quando, de repente, nos confundem. Em relação a este papel, espero que não aconteça!

Já lhe aconteceu muitas vezes?

Já! É, sobretudo, estranho quando as personagen­s são más e fazem coisas estranhas. E quando são muito diferentes de nós. É que aspesso assentem que nos conhecem e, de repente, há ali uma grande surpresa. Mas issoéo grande desafio do actor: mudar, transforma­r-se. E isso vou ter nesta novela, de certeza absoluta!

Então, vai ser uma vilã?

(Risos) Meu Deus...

Ficou feliz com este convite?

Muito feliz! Neste momento, estou a viver em Inglaterra, mas também trabalho em Portugal. No caso, venho para Portugal para fazer este trabalho, especifica­mente. Só viria se fosse um trabalho que mexesse comigo e valesse a pena. Este convite surgiu, o projecto e a produtora, a SP Televisão, têm muita qualidade, dá-me muita segurança. E depois, há uma coisa aqui em relação à CMTV que associo muito ao meu início de carreira. O que aconteceu nessa altura? É engraçado, porque estreei-me com A Viúva do Enforcado, no início de um canal privado. Marcou o facto de estar a começar algo de novo, que e ramos canaispriv­ados. E o que sinto, aqui, é que vou ser protagonis­ta, outra vez, de um novo ciclo que vai abrir-sena ficção, em Portugal.

De alguma forma, ficou surpreendi­da com o convite, até pelo facto de agora estar a viver fora do País?

Fico sempre surpreendi­da com qualquer convite, até porque não dou nada por garantido. Temos de estar sempre muito gratos pelo que nos acontece, estou e fico muito agradecida e feliz. Sinceramen­te, em cada personagem há sempre algo de especial. Elas aparecem na minha vida, pedem-me coisas e eu, como pessoa e actriz, dou-lhes outras: imaginação, criativida­de, tudo o que como actriz tenho de lhes dar. Dou muito, mas o que recebo em troca delas, e do que me ensinam, é espectacul­ar! No caso desta personagem, em concreto, pelo tema – de que só podemos falar mais para a frente – é algo que me toca especialme­nte.

Foi para Inglaterra há pouco tempo. Porque é que que optou por isso?

Foi sobretudo por questões profission­ais.

Ter surgido este convite tão rapidament­e dá-lhe uma dupla satisfação? Além do papel significa, que tem lugar em Portugal.

Sempre quis manter a ligação ao meu País, mas o meu agenteé internacio­nal. Estar a abrir o meu trabalho para fora, por vezes faz com que nos desliguemo­s

mais facilmente do País. Manter trabalhos aqui, de qualidade, isso tinha em mente. Tanto a minha agente, em Portugal, como o meu agente lá fora sabem disso. De resto, também estou a viver lá como meu marido, obviamente estamos juntos. Surgiu, também, oportunida­de de trabalho em Inglaterra para o Frederico [músico]? Sim, eé óptimo, porque eu adoro viajar e o meu marido também. Além disso, como não temos filhos, é mais fácil. Se não é agora, aos 45, quando será, não é? Pode ser aos 60, 70, 80! Mas acho que viajar, para mim, sempre foi muito bom.

Já tinha trabalhado fora, nomeadamen­te no Brasil.

Sim. Mas também já tinha trabalhado em Espanha, tal como o meu marido. E agora estamos aqui, é uma fase. Agora, confesso que adoro viajar, como turista. Fiz uma viagem de quase um ano, à Ásia, tinha 24 anos, e foi das melhores coisas que me aconteceu enquanto pessoa. E um actor precisa muito desse mundo, não é?

Sim, completame­nte! Precisamos, como qualquer pessoa, de sair, abrir horizontes, observar. O trabalho do actor passa por interpreta­r, brincar, mas também passa por observar, escutar o outro. Esta mundividên­ciaé importantí­ssima.

Então, só volta a instalar-se em Portugal quando começarem as gravações da novela?

Sim, sim.

Como é que vai conciliand­o a vida profission­al com a vida pessoal?

No nosso caso, tanto eu como o meu marido vamos tendo alturas em que temos de trabalhar fora. Eu já estou preparada, psicologic­amente. Fui viver para Inglaterra, sabendo que o meu futuro é estar aqui uns meses, depois posso ter de fazer um filme ou uma série e isso pode não ser em Londres, posso ter de ir para outro país.

“Só viria para Portugal se fosse um trabalho que mexesse comigo e valesse a pena. E este projecto dá-me muita segurança”

Isto acontece a tantas pessoas, em todo o mundo. Tenho exemplos muito próximos, de melhores amigos e amigas, que vivem assim há muitos anos e conseguem.

Está casada há quantos anos?

Não somos de contar, mas há 17, 18... Desde os meus 27 anos.

Há pouco falava na questão dos filhos. Ainda tem o sonho de ser mãe?

Disso falamos daqui a mais uns meses (risos). Não é por estar grávida!

Sei que tem um irmão adoptivo.

Que agora também está aviveremIn­gl aterra, oqueé óptimo, porque estamos mais próximos. Mas nãoéom eu único irmão, tenho outro biológico. Dado que tem 45 anos, equaciona a hipótese de adoptar uma criança? Na minha família tenho imensos primos adoptivos. Foram sempre adopções muito naturais, ninguém se inscreveu na Segurança Social, não foi assim. Foram coisas que acontecera­m na própria família. Acho que a minha família – com muitos tios da parte da minha mãe, da parte do meu pai que já morreu não conheço bem – da Beira Baixa, da parte da minha mãe, está muito ligada. Sempre aprendi isso e, se calhar, é que tenho muito essa coisa de um dia voltar à terra. É verdade, sei que também tem o sonho de viver no campo.

É verdade! A minha família da Beira Baixaéafam­í li ade eu irp ara aterra. Têm todos uma forte ligação com a natureza, e a ecologia é algo em comum, a todos. Esta generosida­de que aprendi dá imenso jeito como actriz, aproveito bastante no meu trabalho, isto de estarmosab­ertos ao mundo, aos outros, e a tudo o que nos acontece.

Acabou por não responder à minha pergunta, sobre a adopção.

Quer dizer... Não, nunca pensei nisso. Se acontecer de forma natural, tal como na minha família, então creio que poderia acontecer.

Que balanço faz deste ano, que ainda não chegou ao fim mas em que já teve imensas mudanças?

(Risos) É um bocadinho rock&roll! Tem sido viajar, mudar ... É difícil adaptar mo-nos ma sé um músculo que é bom desenvolve­rmos. A adaptação ao que é diferente, mantendo as raízes, que estão na terra da minha avó. Aqui, em Inglaterra, até já tenho um jardim! ●

“Na minha família tenho imensos primos adoptivos. Foram coisas que foram acontecend­o na minha família”

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ?? Além de Inglaterra,Anabela Teixeira já trabalhou no Brasile em Espanha.
Além de Inglaterra,Anabela Teixeira já trabalhou no Brasile em Espanha.
 ??  ?? Conhecida pela sua faceta ecologista, Anabela já conseguiu cultivar um jardim, na sua novacasa.
Conhecida pela sua faceta ecologista, Anabela já conseguiu cultivar um jardim, na sua novacasa.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal