TV Guia

O “velho” DOUTOR que a TVI convidou “Aqui é tudo muito calmo e tranquilo”,

Aos 65 anos, decidiu vir para Lisboa... e já tem trabalho, na novela Valor da Vida. A segurança e a tranquilid­ade do País foram as suas motivações. assume

- TEXTO ISABEL LARANJO | FOTOS BRUNO COLAÇO

São cada vez mais os brasileiro­s, famosos ou anónimos, a escolher Portugal para viver e trabalhar. Henri Pagnoncell­i, que recentemen­te apareceu nos ecrãs portuguese­s em novelas como Escrava Mãe, O Rico e Lázaro ou Apocalipse, todas da Record TV, fez a mesma escolha. Chegou em Junho e instalou-se com a mulher, Teresa, num bairro típico de Lisboa. “Aqui é tudo muito calmo e tranquilo e quis alargar os meus horizontes. Cada vez me agrada mais viver aqui. Lisboa é muito agradável, tal como o povo e o resto do País”, comenta, para início de conversa.

Pagnoncell­i, de 65 anos, lembra-se perfeitame­nte da primeira vez que esteve em Portugal .“Sim, foi em 1986. Vim a Lisboa, fui conhecer o Porto .” Voltou mais tarde, quando a novela Mulheres de Areia estava no ar, e foi surpreendi­do por diversos fãs portuguese­s. “Foi engraçado, porque as pessoas apontavam par amime diziam :‘ É ele !’”

MÉDICOEART­ISTA

Nascido no seio de uma família de classe média, o actor estudou Medicina. No final do curso, influencia­do por colegas de faculdade, começou a fazer teatro. E nunca mais parou… com as duas profissões. “Comecei por tratar doenças infecciosa­s, que eram um flagelo no Brasil, e depois troquei de especialid­ade,porque havia muitas emergência senão dava para conciliar com avida artística. Dediquei-me, então,à dermatolog­ia, queé mais calmo. S empregos teimuit ode estudar .” O contacto com a realidade mais dura do Rio de Janeiro, naquela altura, em meados dos anos 70, fê-lo crescer. “Aquele contacto com as pessoas que mais sofriam, com o povão, porque na altura a meningite era uma calamidade que afectava muita gente, foi muito interessan­te para mim, que vinha de uma classe média.

Meus pais não eram ricos, mas sempre me deram uma vida confortáve­l, e ali estava uma outra realidade que se vivia na mesma cidade. A Medicina sempre me interessou também por esse aspecto mais social.” Entretanto, Pagnoncell­i nunca equacionou optar por uma das suas actividade­s. “Nãoé questão de escolher entre uma e outra. Tracei a minha vida para isto. Da maneira como exerço Medicina, não comprometo ninguém, não sou irresponsá­vel com os meus pacientes, ganho muito menos dinheiro com a Medicina do que poderia ganhar.”

O actor já se reformou da Medicina, mas continua a dar palestras eworkshops. Em Portugal, só poderia exercera profissão“se fizesse um exame muito rigoroso com questões que já nem me lembro, até do primeiro ano do curso”. Então, opta por não tirar a equivalênc­ia e prefere andar do lado de cá, e de lá, do Atlântico. Além das actividade­s ligadas à Medicina, Henri Pagnoncell­i deixou o filho, de 29 anos, no Rio de Janeiro. “Ele não quis vir. Tem lá o seu trabalho, as suas namoradas… Mas eu vou lá de vez em quando, não custa.”

“No Rio temos uma brincadeir­a que é dizer: ‘Lisboa é o Rio de Janeiro que

deu certo’”

PERDA DE TEMPO COM BOLSO N ARO

O actor, que brevemente começaremo­s a ver no elenco de Valor da Vida, da TVI, garante não sentir saudades do Rio de Janeiro. Afinal de contas, como ele próprio explica,

não poderia ter escolhido melhor cidade para viver do que Lisboa. “NoRiodeJan­eiro temos uma brincadeir­a que é dizer: ‘Lisboa éoR iode Janei roque deu certo ’. Além da gastronomi­a e dos vinhos deliciosos, Lisboa é uma cidade muito bonita.” Pagnoncell­i nota ainda outra semelhança entre a capital portuguesa e a Cidade Maravilhos­a que acaba por, também, moldar as gentes .“A proximidad­e com omar, a influência que isso tem nas pessoas que arrancam a roupa evãoà praia, fá-las te ruma afectivida­de maior. Sente-se isso também no Brasil. As cidades do litoral são mais soltas do que as do interior .”

Mesmo longe, o actor continua atento ao que se passa no Brasil. Por isso, tem a sua opinião sobre a actual situação política e social do país. “Vamos ver, na prática, o que vai acontecer [com Bolsonaro na presidênci­a]. Medo não tenho, tenho é pena. Do atraso, da perda de tempo... O Brasil era para ser o melhor país do Mundo! Do Mundo!” E acrescenta: “É um país com tanta riqueza e diversidad­e cultural... Não há furacões, catástrofe­s, nada disso.Éo melhor e mais agradável país do Mundo.” Logo seguido de Portugal, certamente. ●

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Em Rico e Lázaro encarnou Chaim.
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Na pele do comerciant­e Gideon, emApocalip­se.Em EscravaMãe, Henri Pagnoncell­i foi o dr. Pacheco. Pagnoncell­i não imagina voltar a viver no Riode Janeiro, onde deixou o seu único filho.

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