TV Guia

RECORDAR o homem do “pó de arroz”

Carlos Paião Cantor morreu num acidente há 30 anos Os músicos João Pedro Coimbra, Marlon, Via, Nuno Figueiredo e Jorge Benvinda pegaram nas canções de Carlos Paião e deram-lhes uma nova vida. “É a nossa tentativa humilde de trazê-lo de volta para a linha

- TEXTO MIGUEL AZEVEDO | FOTO D.R.

Tinha tudo para ser apenas mais uma tarde a caminho de um concerto. Carlos Paião saiu de Lisboa com o técnico de som Jorge Esteves e o amigo Carlos Miguel Sousa com destino a Penalva do Castelo. A tarde estava de tal forma abrasadora que, na zona do Carregado, Jorge Esteves, que ia ao volante, tirou a camisa e seguiu em tronco nu. Carlos Paião dormia. De repente, foi como se se tivesse dado um enorme apagão. Aquela viagem de 26 de Agosto de 1988 era afinal a última do cantor. Carlos Paião não resistiu ao embate frontal da velhinha carrinha Datsun com um camião que circulava em sentido contrário. O óbito foi declarado em plena Estrada Nacional 1, na zona de Rio Maior, por volta das 15h. Um dia depois do incêndio do Chiado, o cantor de Pó de Arroz, Playback e Cinderela fazia chorar Portugal para nunca mais ser esquecido. “Fiquei muito impression­ado com o desapareci­mento dele. O Carlos era uma pessoa que nos entrava pela casa adentro. Numa altura em que apenas existiam dois canais ele era presença obrigatóri­a na televisão. O Carlos era muito querido de todos e ainda hoje me arrepio quando ouço falar dele. Ainda está muito presente no imaginário das pessoas”, diz hoje o músico João Pedro Coimbra, que se à data da morte de Carlos Paião tinha apenas 15 anos, quis o destino, que, 30 anos depois, viesse a pegar nas suas canções. João faz parte de uma espécie de super-grupo que inclui ainda Marlon (Os Azeitonas), Jorge Benvinda e Nuno Figueiredo (Virgem Suta) e ainda a cantora Via, e que agora fazem uma releitura, sui generis, da obra de

Paião, entre inspiraçõe­s “beatleanas” e “delírios electrónic­os”, como dizem. “Esta é a nossa tentativa humilde de trazer o Carlos de volta para a linha da frente”, explica João Pedro Coimbra. “Aideiafoip­egarnestas músicas, respeitá-las mas tentar mostrar onde é que o Paião estaria em 2018”. Nascido de um convite que a RTP fez a João Pedro Coimbra e a Nuno Figueiredo para montarem uma homenagem a Carlos Paião para o Festival da Canção de 2018, o projecto Paião acabou por se transforma­r em disco. Para recordar estão os incontorná­veis e os menos conhecidos Não Há duas Sem três, Souvenir de Portugal, Canção do Beijinho ou Ga-Gago. “Foiumaresp­onsabilida­deenorme.OCarloséum­grandeescr­itor e compositor e pegar neste legado foi uma grande honra”, diz João Pedro Coimbra. O disco, que chegará aos palcos em Fevereiro do próximo ano, foi aprovado pela família de Carlos Paião, pais e viúva. “Ela enviou-nos mesmo um e-mail a dar-nos os parabéns. E isso para nós foi fundamenta­l. Não queríamos que isto fosse uma biografia não autorizada”, remata o músico. ●

 ??  ?? DISCO PAIÃO EDITORA SONY PREÇO 12,99€
DISCO PAIÃO EDITORA SONY PREÇO 12,99€
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal