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“Decidimos que o melhor seria libertar o NOSSO FILHO”

Aos 31 anos, o cantor lança um novo álbum. Amoré define um dos sentimento­s mais importante­s na sua vida. Sem tabus, fala das guerras com a “ex”, Sury Cunha. As lutas na justiça acabaram e agora o pequeno Simão “está com quem quer”. Nesta entrevista, desve

- TEXTO CAROLINA PINTO FERREIRA I FOTOS LILIANA PEREIRA

Oseu novo álbum, Amor é, saiu agora. Qual a essência deste novo trabalho? É mais um trabalho em que se afirma a grande mudança que houve na minha carreira. Ao longo dos quase 11 anos que tenho de música, sentia que estava a estagnar. Que estava a entrar numa rotina musical e não trazia nada de novo. Era mais do mesmo, canções muito semelhante­s. Procurei o novo. Já era algo que queria há muito tempo e não tinha coragem de admitir. Porquê? Medo da rejeição do público? Sim, bastante. Procurei sempre a minha estabilida­de emocional por parte da família. Havia muita gente contra, mas também muitos a favor. Criei uma linha e todos tínhamos receio que pudesse prejudicar a carreira. O meu maior apoio foi o meu irmão mais velho, que sempre me disse que devia apostar naquilo que queria. Procurei um novo produtor e um arranjador muito mais moderno, o Paulo Martins, que me deu a liberdade de fazer os meus próprios temas. O feedback foi muito bom. Isto é o Leandro, sou eu a fazer as minhas próprias músicas. Preciso que confiem em mim. Em todos os álbuns, faz sempre questão que sejam autobiográ­ficos, que contem a história da sua vida. Qual a inspiração do Amor é? As experiênci­as que temos no dia-adia. Costumo dizer que atraio. Essa atracção acaba por ser boa. No meio do mau, acabo por conseguir tirar o bom do que me vai acontecend­o. Aprendi a viver assim. A esquecer o mau. Quero que este álbum seja transversa­l a qualquer idade, porque o amor é isso mesmo. Sofre-se de amor aos 5 anos ou aos 60. Como é que, tendo passado mais de uma década, ainda não faltam palavras para se escrever sobre amor? Porque é uma palavra infinita. O amor é tudo na vida!

Continua a ser o mesmo romântico? Sim, mas fui crescendo e mudando alguns pontos. Fui deixando de ser tão ingénuo, mas o romântico continua cá, principalm­ente no seio familiar. Depois da separação dolorosa e polémica [de Sury Cunha], continuou a acreditar no amor puro?

Sim. Retirei o que de bom pude tirar daquilo que passei. Primeiro tive de aceitar...

Foi o passo mais difícil? Sem dúvida. Depois de se aprender a aceitar, as coisas são vistas de outra forma. O negativo sobrepõe-se ao positivo. Estamos sempre a falar do que é mau. Aprendi a ultrapassa­r isso. Precisava dessa aprendizag­em para ultrapassa­r outras coisas.

Qual foi a grande lição que tirou? O saber lidar com as condições que são impostas pela vida. Aprender a ter

“Não faltam palavras para escrever sobre o amor porque é uma palavra infinita. O amor é tudo na vida. Continuo a ser o mesmo romântico”

calma, a respirar, a pensar e a responder calado.

Isso fez com que se tornasse uma pessoa diferente? Hoje, quem é o Leandro?

Sou o mesmo de há 10 anos, mas menos ingénuo. Só nos deitamos na cama que nos fazem se quisermos. Sentia-se assim tão ingénuo?

Claro. Acreditei sempre nas pessoas. Que era possível as pessoas serem honestas e, hoje em dia, não penso assim. Quem vê caras, não vê corações. As pessoas são seres humanos e capazes de mudar em dez segundos.

AS POLÉMICAS E A GUARDA DO FILHO

Teve uma separação polémica, em tribunal, pela guarda do seu filho [Simão, de 6 anos], diz sentir-se estável emocionalm­ente. Como é que alcançou esse estado?

Retirei do meu seio familiar aquilo que tanto queria. Hoje em dia, tenho uma família muito unida, que continua a ser o meu pilar. E retiro, principalm­ente, essa força da parte do meu filho que é importante para mim. Quando somos pais, mudamos radicalmen­te a nossa postura e a nossa maneira de viver. O Simão é a peça fundamenta­l para me acalmar, é a minha minha estabilida­de. Tenho um lar, uma família que me adora e uma mulher fantástica a meu lado.

Depois de tanta luta, como ficou a guarda do Simão?

Primeiro, é sempre importante lutarmos por aquilo que amamos. O Simão não tinha nada a ver com as guerras que existiam. Hoje, é uma criança superfeliz, está com os pais. Os adultos conseguira­m resolver os seus problemas com as conversas que faltavam. Percebemos que havia erros de parte a parte. O Simão é uma criança que está com quem quer estar. É uma criança que já tem vontades. Se quiser está com o pai, se quiser está com a mãe. Não há a necessidad­e de bloquearmo­s a vida dele.

Lutas terminadas. Sente-se em paz? Sempre estive em paz. Sempre tive a minha forma de estar e pensar. Achei que havia situações menos boas, mas que tinham de ser resolvidas. Esperei pelo momento certo.

E estão mesmo resolvidas?

Claro que sim! Cada um tem as suas vidas, os seus sonhos. Houve uma conversa entre nós e decidimos que o melhor seria vivermos desta forma e libertarmo­s o nosso filho. Isso já aconteceu há muito tempo.

O Simão é o grande “projecto” da sua vida?

Sim. Aliás, é a grande mudança da minha vida. O projecto já começou desde o dia em que ele nasceu. Já não posso viver a minha vida como a vivia quando era solteiro. Tenho de viver em função dele e da educação dele. Alguma vez pensei que ia estar às 22:00 na cama a dormir? Ou acordar às 7:30 todos os dias? Era impensável. Aprendi a educar-me para educar o meu filho.

Quais são os principais valores que faz questão de lhe transmitir?

Ser honesto, não ser ingénuo como o pai foi. Respeitar-se sempre a ele próprio. Depois disso, tudo acontece. Foram os valores que me passaram a mim. O resto, ele vai aprender com a vida. Por mais que lhe possa ensinar, só batendo com a cabeça é que ele pode aprender. Estarei cá para apoiá-lo, sempre. O que é que vê de si no Simão? O meu pai diz que ele é a minha cópia, portanto vejo o irritante que eu era [risos]. Adora cantar. Gostava que ele seguisse os seus passos? Sim, acho que todos os artistas gostavam que os filhos seguissem os seus passos. Tive o prazer de ter o Simão na minha tournée e achei que ia ser complicado, mas foi engraçado. Surpreende­u-me pela positiva. Sempre muito bem educado, tranquilo e mostrou que já gosta de mandar!

A MULHER QUE O CONQUISTOU

Tem uma relação que dura há 6 anos [com Doina Stratulat]. Acha que encontrou a mulher da sua vida?

Isso é sempre relativo. A única certeza que tenho é o meu filho. Esse é meu! O resto é a vida que escreve, o destino. Claro que gostava que fosse a mulher da minha vida. Até hoje sinto-me muito feliz e confortáve­l. Sinto que é uma pessoa que não quer fama, tem uma vida própria. Não tem necessidad­e nenhuma de estar atrás de mim.

Sente que foi o seu grande apoio durante as polémicas?

Há uma coisa muito importante que quero referir. De todo o mal que houve na minha vida, sempre quis proteger o meu filho. Havia muito desequilíb­rio emocional, de ambas as partes. Havia muita gente envolvida numa situação que duas pessoas civilizada­s podiam ter resolvido numa conversa. Hoje em dia, tenho essa ideia e consigo ver as coisas dessa forma. No meio do mal existe sempre alguma coisa boa. Agora consigo ver isso. Tive de passar por tudo isto para valorizar outro tipo de coisas.

A que coisas se refere?

A minha família e a minha mulher. Hoje, não consigo discutir com a minha mulher, consigo resolver as coisas a falar. Porque é que hei-de passar horas e horas a discutir e a dizer coisas que nem quero? Todos os problemas que tenho resolvo-os dentro de casa. Nunca deixei a minha cama por causa de uma discussão.

Falando de mulheres... Como lida com o assédio feminino?

Lido bem e vou continuar a lidar. É o meu trabalho e é normal. Quando vejo mulheres bonitas, também fico a olhar. Tenho é de me respeitar a mim próprio para conseguir respeitar quem está comigo e, principalm­ente, a minha vida e a minha família. Se me entregar a uma aventura, vou acabar por destruir todo o meu lar, e isso não vale a pena. Nem me acrescenta nada. ●

“Se a Doina é a mulher da minha vida? Isso é sempre relativo.

A única certeza que tenho é o meu filho. Esse é meu! O resto é a vida que escreve,

o destino”

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“Sou o mesmo de há 10 anos, mas menos ingénuo”, diz o cantor à TV Guia.
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