O PROGRAMA do ano
O reality show é um fenómeno e está a desorientar a TVI, que menosprezou a ameaça e acabou por sacrificar, no caminho, a apresentadora Fátima Lopes
Atelevisão generalista precisava de um fenómeno assim. Um programa que cria estrelas vindas do nada, que passam a acompanhar-nos todos os dias através do fio das revistas e dos programas cor-de-rosa. Gente como a Ana, o Dave, o João ou a Isabel, pessoas que não sabemos bem quem são, mas que decidiram expor-se, à procura de um lugar ao Sol. Que esse lugar ao Sol, desta vez, seja uma nesga de amor só prova que a televisão também pode ser um lugar nobre, nem que seja a fazer do amor um belíssimo negócio de audiências. Quem diz que o negócio é uma coisa negativa? Outro balanço que já se pode fazer indica que a TVI claramente menosprezou o desafio colocado pela nova dinâmica da SIC, e que se materializa essencialmente através dos casamentos. Em gravíssima crise de liderança, e com a informação mal dirigida, a TVI foi atacada quando passava pelo momento mais vulnerável, e hoje em dia apenas a ficção mantém a honra do convento. Pelo caminho, a forma como a TVI humilhou Fátima Lopes, anulando o formato que lhe tinha sido entregue antes mesmo de estrear, é prova de que, neste caso, Roma paga a traidores (salvaguardado o simbolismo da metáfora, naturalmente): Cristina Ferreira mudou-se para a SIC mas continua na antena da TVI, numa atitude que ganha o prémio de decisão mais estúpida da década na indústria dos media, enquanto a fiel Fátima Lopes é achincalhada, com o programa na prateleira. Talvez esteja aqui a solução para o calcanhar de Aquiles da SIC, a necessidade de refundar as tardes e ultrapassar o equívoco-Júlia Pinheiro. ●