UM FADISTA VIRADO ‘Do Avesso’
Novos autores, uma orquestra e influências anglo-saxónicas estão em destaque num trabalho do cantor mais afastado do fado
Aentrevista estava marcada para as 14:30 no jardim das Amoreiras, mas António Zambujo apareceu uns minutos atrasado. Chegou de passo apressado, pediu desculpa e justificou-se: “Tive a visita inesperada da minha mãe e de uns tios que vieram de Beja para vir ao médico e acabaram por ficar para almoçar. Estive a matar saudades e atrasei-me.”
Por outras palavras, nada mudou na vida de António Zambujo, apesar de ele ser actualmente um dos cantores mais respeitados, admirados e solicita dosem Portugal. Diz que continua iguala o que sempre foi, a manter as mesmas rotinas, a levar o filho à escola de manhã, e garante que o sucesso nunca lhe subiu a cabeça .“Deslumbrado como quê ?”, questiona, acrescentando :“Eu nunca me esqueço de onde vim .”
Mas se o Zambujo, que nasceu em Beja e a quem os amigos chamam ‘Zambas’, não é hoje, na sua essência, muito diferente dopu to que cresceu a brincar naru ada avó, a ver da deé que o músico vive em constantein quietação .“Já tive um grande sucesso com
o Pica do Sete ,a Lambreta ,o Zorro ouo Reader’ s,m as não a choque tenha que repetir isso ”, garante. O novo disco, Do Avesso, é aprovado desassossego em que vive o criativo António Zambujo, que agora optou por afastar-sem ais dofa doe da músicatr adicional, sem a esquecer, claro !“Neste disco estão mais presentes as minhas influências anglosaxónicas, muito Tom Waits, Beatles ou Beach Boys”, continua a explicar o cantor que até gravou com orquestra. Para ouvi restá um disco altamente cinematográfico que remete para as mais variadas ambiências, dos westerns às produções da Disney. Em destaque estão, por exemplo, um aversão de Amap ola, um clássico da música dosa nos 20–“paramim,é um adas canções mais bonitas de sempre e há muito tempo que a queria gravar ”–, um novo tema escrito com Miguel Araújo, chamado Catavento da Sé – “é sobre a rua da minha avó” –, ou Sem Palavras, uma canção escrita por João Monge que até conta com a voz do filho mais novo nos coros. O álbum, que nasceu de uma autêntica colectividade de parcerias artísticas, conta ainda com nomes como Luísa Sobral, Rodrigo Maranhão, Pedro da Silva Martins, Jorge Benvinda, Arnaldo Antunes, Márcia, Jorge Drexler ou Aldina Duarte. Distinguido comendador em 2015, nomeado paraosGrammyem2017,Zambujotemuma média de 120 concertos por ano, o que o obrigou a afastar-se mais das casas de fado, onde começou, mas garante que há-de regressar. “Quando saiu o disco Quinto, em 2011, tornou-se impossível conciliar as coisas. Mas sei que um dia vou voltar.” ●
Novo disco conta com mais uma nova canção do amigo Miguel
Araújo.