Uma peça para MAIORES de 18
Atriz dá cara, voz e corpo a um texto do Marquês de Sade, num espetáculo ousado com assinatura do encenador Martim Pedroso
Maria João Abreu voltou aos palcos para fazer uma peça que corre o risco de ofender os desprevenidos. O espetáculo em causa chama-se Boudoir – 7 Diálogos Libertinos e inspira-se num texto maldito do século XVIII: a infame obra A Filosofia na Alcova, do Marquês de Sade (1740-1814). Em cena, fala-se de sexo, de morte, de incesto. Tudo para chocar os moralistas de antigamente... e os de hoje. A atriz, que, em teatro, gosta de experimentar “caminhos diferentes” ede “trabalhar com gente nova”, diz que não podia recusar ser dirigida, pela primeira vez, pelo encenador Martim Pedroso. “Um ator não pode estar sempre a fazer as mesmas personagens, dentro do mesmo registo teatral, com o mesmo encenador e a mesma equipa... Para crescer, é preciso conhecer outros universos”, diz Maria João Abreu, garantindo que o texto de Sade não é ilustrado em palco: “O Martim Pedroso optou por uma via mais inteligente e menos óbvia, e aborda a obra pela sua faceta filosófica e política.”
O que não impede que o espetáculo, para ver no Teatro da Trindade, seja para maiores de 18. Em cena com um elenco novo, com quem nunca tinha contracenado, a atriz acrescenta que este projeto a “enriqueceu muito”. “Fizemos um trabalho de texto e uma preparação física exigentes e sinto que saio daqui enriquecida.” ●