Autores nacionais REAGEM
Tozé Martinho e companhia insurgem-se contra as declarações de Wolf Maya. Alegam que ele não sabe o que se passa na nossa ficção e que os prémios conquistados pelas nossas novelas o desmentem
As declarações de Wolf Maya, em entrevista à revista Quem, não foram bem acolhidas pelos autores de novelas portuguesas. O responsável pelas produções Mulheres Apaixonadas e Mulheres de Areia criticou a ficção nacional. “Eles [portugueses] não sabem fazer novelas. Não têm nada do naturalismo e do realismo que nós temos. Nós pegámos tudo do cinema americano na nossa formação. (…) Eles não querem mais ficar a importar produções brasileiras e estão a levar a base de sustentação da interpretação. (…) Vou ensinar para eles continuarem a fazersozinhos”, declarou o brasileiro referindo-se a um workshop que vem fazer a Portugal, nomeadamente à TVI.
A TVGuia falou com alguns autores nacionais que se mostraram revoltados com estas afirmações. Tozé Martinho não poupa o brasileiro: “É uma fantasia que ele está a fazer e está a abrir cordões à imaginação com isto. Uma opinião destas não tem pés nem cabeça. As novelas portuguesas são tão boas como as brasileiras.” António Barreira, que assina a primeira novela da CMTV, Alguém Perdeu, mostra-se mais cauteloso, embora diga que são declarações infelizes: “Acho estranho uma afirmação destas. O Wolf Maya é um grande profissional da indústria brasileira, com obras no currículo, mas não sei se ele tem conhecimento para fazer este tipo de afirmações sobre a nossa produção. São declarações infelizes. Já temos três Emmy e cinco nomeações.”
A TV Guia perguntou ainda a opinião da recente vencedora do Emmy, Maria João Costa. A autora da novela Valor da Vida (TVI) garante que as declarações de wolf Maya são injustas: “Não vou particularizar a afirmação, mas nós ganhámos um Emmy de melhor novela. Diria eu que sabemos fazer novelas.”
Por seu lado, Patrícia Müller, que escreveu a nomeada Rosa Fogo, não concorda com o autor brasileiro, mas percebe-o. “Ele está habituado a um nível de produção que nós não temos, porque não temos tanto dinheiro. É isso. Não está a dizer mal de nós particularmente. Eles têm é que mandar para cá dinheiro. E assim fazemos melhor.” ●