Cristina BATALHA já luta pela direção de Programas na SIC nos bastidores
Há uma guerra surda na SIC. Desde o discurso de Cristina Ferreira nos Globos de Ouro que ficou claro que a apresentadora que dá a vitória ao canal quer mais do que o lugar de consultora. Mas o entretenimento já tem dono...
Omomento tinha sido programado quase ao mais ínfimo pormenor. Cristina Ferreira tinha deixado o seu luxuoso camarim e aguardava atrás da cortina que Clara de Sousa e Rodrigo Guedes de Carvalho cumprissem a “formalidade” de anunciar o seu nome como vencedora do Globo de Ouro de personalidade televisiva do ano. Uma categoria nova nos prémios da Impresa, criada quase como que para premiar a nova estrela do canal de Paço de Arcos. Com o discurso ensaiado, Cristina Ferreira viveu nervosa os momentos que antecederam a sua chamada ao palco do Coliseu. O vestido que mais queria usar para impressionar naquela noite de gala teimava em rebentar, pese embora o esforço de Cristina em fazer dieta nos dias que antecederam a gala. Por três vezes o vestido branco do espanhol Roberto Diz, com a Nossa Senhora de Fátima estampada nas costas, esteve a ser cosido. Sete minutos que pareceram uma eternidade para a apresentadora, que depois de ultrapassar o problema entrou com pose no Coliseu. Segurou o troféu nas mãos e teve o tempo todo que desejou para fazer o seu discurso de agradecimento, que acabou por ser um misto de recados para o passado e avisos para o futuro.“Quando soube que ia apresentar a gala e me contaram que ia haver esta categoria, disseram-me que podia ganhar e disse que não queria estar a apresentar e receber o prémio. E depois percebi que quero. E quero porque é justo, acima de tudo”, disse Cristina Ferreira perante centenas de celebridades na plateia, de todos os setores da sociedade.
Algumas delas contorceram-se nas cadeiras com a frontalidade da mulher nascida em berço pobre na Malveira em 1977 (42 anos). “O prémio foi-me dado por uma academia de notáveis, mas muito antes os notáveis espectadores que me veem já me tinham dado este prémio”, acrescentou.
RECADOS E AVISOS
O discurso emocionado de Cristina, de rosto fechado e olhos lacrimejados, foi mais do que simples palavras de agradecimento ou circunstância. Teve alvos específicos e muitos perceberam as intenções de Cristina. Primeiro disparou contra quem na TVI não lhe reconheceu mérito e valias para contribuir para o futuro da estação, depois lançou a escada para um assalto ao poder na sua nova casa, a SIC. Tal como a revista Mariana avança esta semana, Cristina Ferreira tem o objetivo de mandar no entretenimento do canal de Paço de Arcos, assumindo um papel decisivo na tomada de
decisões dos conteúdos da estação. “Provou-se a importância de um programa da manhã. A televisão não tem horário. Andei nesta luta muitos anos. A manhã faz toda a diferença numa estação de televisão. E a TV deve servir o público (...) e faço-o agora numa casa onde estou muito feliz, onde posso desde o início fazer o que considero boa televisão”, disse Cristina de peito cheio com a estatueta na mão.
O SONHO DO LUGAR... QUE JÁ TEM DONO
O discurso da apresentadora acabou por não ser – à semelhança de quase tudo o que faz no dia a dia – consensual. Muitos entenderam este momento em direto como um exemplo de atrevimento e falta de humildade. “Não é normal uma pessoa falar daquela forma e dentro da SIC há quem entenda que ela exagerou, que deveria ter sido mais contida. Mas é o feitio da Cristina. Ela não deixa nada por dizer, mesmo quando está nas reuniões. E faz por levar as suas opiniões avante. São estilos de liderança. Mas não é um estilo unânime e há quem sinta desconforto”, revela alguém da SIC à TV Guia.
Nos corredores do canal de Paços de Arcos já são poucos os que duvidam da ambição de Cristina Ferreira, que “não quer ficar amarrada” ao papel de apresentadora. “Na TVI já tinha um cargo
de direção, embora não fosse efetivamente desempenhado, não sei porque razões. E ela quer ter uma voz no que a SIC planeia para o entretenimento”, acrescenta a mesma fonte, que reforça: “A Cristina já disse a várias pessoas que tem estatuto e conhecimento do que é a TV em Portugal para ocupar esse lugar.”
Costuma dizer-se que há um galo para cada poleiro, e aquele que Cristina deseja pôr a mão já tem um dono: Daniel Oliveira, diretor de Programas, escolha do presidente da Impresa, Francisco Pedro Balsemão, para reconquistar a liderança das audiências para a SIC. O que conseguiu, ultrapassando após 10 anos a TVI. Ao sucesso do homem forte do canal não pode ficar dissociado o ingresso de... Cristina Ferreira. A apresentadora, contratada pelo milionário ordenado de um milhão de euros/ano, foi fundamental para alavancar as audiências do canal, mesmo que algumas das apostas, como Prémio de Sonho, se tenham revelado bem abaixo das expectativas. Aliás, o concurso acabou esta sexta feira. Nesta guerra de poder nos bastidores, Cristina conta com um poderoso aliado, Pedro Balsemão. O presidente da SIC foi o responsável pela sua contratação, em agosto de 2018. Depois de saber que a apresentadora não iria renovar com a TVI, convidou-a para almoçar. “A Cristina é uma pessoa com inegável talento, que tem uma enorme capacidade de trabalho e que pode contribuir muito para o sucesso da SIC. Nunca olhei para ela como alguém que vem apenas para as manhãs (...) trabalha em várias plataformas e enquadra-se na nossa estratégia”, diz sobre uma das mulheres mais influentes de Portugal, com milhões de seguidores nas redes sociais, capital que Balsemão não quer desperdiçar. A solução nesta batalha passa por criar um posto intermédio, deixando Daniel nas mesmas funções gerais e atribuindo a Cristina o cargo inexistente de diretora de programas de entretenimento. Serenavam-se os ânimos, mas será que faria o mesmo com as ambições?