PLANOS PARA 2020
Já é da praxe: chegados ao final do ano, fazemos um resumo do que este nos trouxe e o que poderemos esperar do próximo. Sobre 2019 não há praticamente dúvidas sobre o que representou: foi o ano do regresso “em apoteose” da SIC à liderança, foi o ano em que a CMTV se impôs como líder incontornável no cabo, foi o ano da dupla Daniel Oliveira e Cristina Ferreira e aquele em que a TVI perdeu a cabeça. Com a “receita Rangel”, personalizada e adaptada ao século XXI, Daniel Oliveira restituiu a SIC à sua matriz popular. Juntou um produto esteticamente apelativo a excelentes campanhas de marketing nas redes sociais e nas raras declarações que foi dando ao longo do ano, trabalhou muito, foi buscar formatos familiares para fazer esquecer a “bandalheira” das últimas edições dos reality shows da TVI. Ofereceu família e amor em vez de sexo e relações precárias. Uma versão do politicamente correto que se encontra diariamente nas páginas do Facebook aplicada a televisão. E com esta fórmula, aliada a riso e algumas lágrimas, cativou os espectadores que se perderam entre os tais reality de má memória e novelas que retratavam tudo menos a “portugalidade” num momento em que Portugal volta a ser motivo de orgulho. A SIC acertou, a TVI espalhou-se ao comprido. A passagem de Cristina Ferreira da TVI para a SIC foi parte fundamental dessa estratégia certeira: Cristina tem o carisma de raras personalidades e é consensual. Não há quem lhe resista. E a própria tem razão quando disse, no seu discurso nos Globos de Ouro, que a televisão se faz “a partir da manhã”. Provou-se ser verdade. O seu programa, feito com um bom gosto estético de um Instagram cuidado, a luz de uma casa de bonecas e as emoções quase de cinema, com os mais importantes convidados do País a passarem por lá, garantiu o sucesso desejado. A SIC encontrou o seu caminho, a TVI perdeu-o. E não foi só por causa da partida de Cristina Ferreira. As más opções começaram muito antes. A principal com a escolha da novela Prisioneira para o horário nobre – com o peso que ela trazia e a apatia do público à “realidade” retratada no guião. A partir daí, perante as más performances e pior “marketing”, foi somar derrotas.
Planos para 2020? Pensar: como não estagnar, para a SIC; como sair da crise, para a TVI. E depois ver se o público continua tão pouco fiel como demonstrou ser este ano. Feliz 2020!