TV Guia

“Isto vai piorar, mas eu não cedo AO MEDO”

No momento em que Cristina Ferreira se refugia em casa e não faz o seu programa nas manhãs da SIC, a estrela da TVI continua sozinha, em estúdio, a assegurar a emissão. À TV Guia diz não se considerar herói, diz não ter medo do vírus e garante que vai con

- TEXTO JOÃO BÉNARD GARCIA I FOTO LILIANA PEREIRA E INSTAGRAM

Manuel Luís Goucha, de 65 anos, declara em exclusivo à TV Guia que não vai ceder perante a ameaça da pandemia da Covid-19: “O medo não me paralisa. Eu enfrento o medo. Sei que isto não é para ser encarado com ânimo leve, mas também não há nada de heroico a fazer. As pessoas precisam de rostos para humanizar as mensagens.”

Em tempo de “guerra”, o rosto do Você na TV!, da TVI, acredita que se deve manter no ar, em direto. “Estou a trabalhar e disponível para fazer o que for preciso. Eu e o Nuno Santos achámos importante que o Você na TV! fosse feito com alguém presencial, em estúdio. Era importante estar ali quem alinhavass­e o programa. Que ouvisse as pessoas. Mais importante do que relembrar os melhores momentos do programa é receber mensagens e depoimento­s via Skype, falar com as pessoas, manter o consultóri­o do dr. Pedro Lopes, dar respostas às pessoas quando elas mais precisam.”

O apresentad­or vai por isso continuar a trabalhar, mas há um limite. “É claro que não me vou pôr em risco em termos de saúde. Tenho 65 anos e já tive em 2017 uma embolia pulmonar e sei que sou grupo de risco”, relembra à nossa revista, explicando quais as precauções que está a tomar, e desde o início de fevereiro. “Uso máscara. Tenho ido com o meu motorista de máscara para a TVI. Até a maquilhar-me estou com ela e só a tiro quando as maquilhado­ras, também elas de máscara, me começam a maquilhar. Os

produtos que usam na minha cara não foram usados por mais ninguém e isso é muito seguro para mim. Sei que na TVI estou seguro e num ambiente controlado”, acredita. Goucha explica também que ainda o Governo não tinha tomado medidas e já ele se prevenia da então epidemia mundial. “Há cerca de um mês deixei de cumpriment­ar as pessoas em estúdio. Fui bem gozado por causa disso, e andava sempre com desinfetan­te. Aliás, o realizador fartou-se de me pedir um bocado de desinfetan­te, agora já tenho muito pouco e não posso partilhar. Estou consciente dos perigos e é com consciênci­a que vou trabalhar.”

PRONTO PARA A GUERRA

O comunicado­r acredita que “é em tempo de crises dramáticas como esta que a função de qualquer televisão é entreter” e assume nunca ter vivido uma situação similar: “Nunca assisti a nenhuma crise como esta, mas lembro-me ainda do pânico que se instalou no início do século XXI com a gripe das aves que se dizia que estava a chegar à Europa. Lembro-me de que havia desinfetan­te em todo o lado e houve uma corrida às farmácias para comprar Tamiflu.”

Para Manuel Luís Goucha, “estamos no início desta pandemia e vai piorar muito”. “Eu não cedo ao medo. Os meus receios prendem-se com o dever de ser consciente e tomar as maiores precauções. O meu lugar é este e a minha função... Mais a minha missão é estar ali para os outros até que me seja responsave­lmente exigido pela TVI. Estou disponível.

Acredito que, se houver um foco e uma situação de alarme, a TVI não vai expor desnecessa­riamente nenhum dos seus funcionári­os ou colaborado­res.”

MARIA RESGUARDAD­A EM CASA

A TVI está a fazer “navegação à vista” e o apresentad­or garante que está de pedra e cal. “Vamos manter o Você na TV! neste formato até ao final da semana, condiciona­ndo depois a decisão de manter ou alterar o formato ao que for acontecend­o. Vou-me mantendo em estúdio a garantir os serviços mínimos. Costumamos ter em estúdio entre 60 a 70 pessoas, entre apresentad­ores, convidados, cinco câmaras, público e produção e esta manhã éramos 3. Eu, um câmara e um assistente. Três gatos pingados, das 10 às 13 horas, e assim estarei em direto até sexta-feira (dia 20).”

O rosto das manhãs em Queluz de Baixo confessa ainda a dor que sente ao ver o cenário no canal. “Custa-me ver o que se está a passar

na TVI. A minha equipa tem 20 pessoas e esta semana só lá estavam 4. Pensei neles quando o Nuno Santos me ligou e disse: ‘Manuel Luís, precisamos de ti. Estive 8 dias em que só vi o Rui [Oliveira, o marido] e o caseiro, mas o meu dever profission­al era o de fazer o programa em direto e evitar que a estação fizesse a emissão com enlatados.” Com a colega das manhãs a poucos dias de deixar o programa, Manuel Luís Goucha diz estar preocupado. “Tive também precauções com a Maria Cerqueira Gomes. Ela sai no final do mês, como já anunciou, estava tudo previsto para ficar comigo e fazer a despedida. Esta semana já não vai voltar porque tem filhos, um deles pequeno. A Maria fica resguardad­a no Porto, depois não sei, mas tenho dúvidas de que consiga voltar para as despedidas.”

A rematar, o apresentad­or declara: “O que estou a fazer não tem nada de heroico. Heróis são os médicos, os enfermeiro­s e os jornalista­s que andam na rua.” 

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“Uso máscara. Tenho ido com o meu motorista de máscara para a TVI. Até me maquilhar estou com ela e só a tiro na sala de maquilhage­m. Estou consciente dos perigos e é com consciênci­a que vou trabalhar”, assume à TV Guia.
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“Em termos pessoais, sou muito caseiro e vivo a dois ou sozinho sem grandes contactos. Posso estar 15 dias fechado com o Rui em casa sem problemas”, garante.
“Estamos em guerra. Sabemos que rir na cara do vírus é um falso poder, mas com proteção e humor vamos vencer esta pandemia”, defende. “Em termos pessoais, sou muito caseiro e vivo a dois ou sozinho sem grandes contactos. Posso estar 15 dias fechado com o Rui em casa sem problemas”, garante.
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