EM BUSCA DA NOVA NAZARÉ
Estreia na próxima semana (esta, se o leitor ler esta crónica a partir de segunda-feira 26 de Outubro),
Bem Me Quer, a nova novela da
TVI que tenta recuperar a fórmula passada de Doce Fugitiva – só para citar um exemplo – e que mais não é do que programar em horário nobre uma trama que, naturalmente, seria destinada a um público de fim de dia. Com esta opção a estação de Queluz de Baixo regressa a modelos testados, com bens resultados, nos melhores tempos de José Eduardo Moniz à frente daquela estação e corta com uma tentativa de “netflixar” a estação.
Expliquemos. Desde Prisioneira e A Teia que a estética e a linguagem das novelas da estação tentou internacionalizar, seguindo um modelo alegadamente vendável em mercados internacionais que acabou por tornar-se desastroso na antena nacional. Foi preciso respirar fundo, perder seriamente para a concorrência e ter a coragem de voltar a um modelo clássico – a partir de um original comprado no marcado latino-americanio – para recuperar audiências. Afinal, os espectadores tradicionais da TVI e, de uma forma geral, dos canais generalistas, estão interessados em tramas onde os maus são maus, os bons são bons, os ricos são muito ricos e os pobres funcionários dos ricos. Tudo muito simples, em cenário da portugalidade que se desejava.
Quer o Destino conseguiu isso e ganhou o amor dos espetadores. De forma que, para completar esse regresso ao passado, eis que estreia agora Bem Me Quer, tentando seguir a fórmula de sucesso da concorrente da SIC,
Nazaré. Se é ou não uma regressão na estação, só o tempo o dirá. A verdade é que enquanto a SIC continuar a vencer numa área na qual a TVI era imbatível, é preciso que Queluz tenha a capacidade de responder. Só há um detalhe importante nesta história que convém não esquecer. Nazaré, a líder, é pensada ao detalhe: desde a fotografia à animação de cada episódio. E nem por isso é uma novela cómica. É antes Os Cinco, para crescidos, bem filmado e com uma miúda gira. Só.