TV Guia

O risco de Esperança

- POR CARLOS RODRIGUES

Asérie Esperança, na SIC, nem sequer é muito bem conseguida, mas vale essencialm­ente por César Mourão. A estrela desta semana tem um desempenho como ator fora do habitual, com um trabalho aturado de transforma­ção. O jovem César deu os primeiros significat­ivos passos como humorista no day time da SIC. Os números cómicos nos programas Fátima e Companhia das Manhãs deram sinal de enorme talento. Com os anos, adicionou-lhe capacidade de criação de formatos originais, como foi o caso do show “D’Improviso”. Finalmente, mostrou-se capaz de brilhar com orçamentos controlado­s, caracterís­tica da qual é exemplo máximo o espetáculo quase live-on-tape que faz, baseado na sua capacidade de comunicaçã­o, o Terra Nossa. Estava na cara que uma carreira que adiciona talento à fórmula mágica dos custos baixos estaria sempre condenada ao sucesso na atual fase histórica da televisão portuguesa. E assim foi: é hoje uma espécie de ex-líbris da atual gestão da SIC, e é dele o tiro de partida para a criação de formatos originais para a plataforma de streaming, formatos esses que acabam a melhorar a antena sem custos de grelha diretament­e imputados à estação. Em Esperança dá corpo a uma senhora de idade respeitáve­l e mostra enorme versatilid­ade criativa. Porém, é tempo de iniciar o balanço do seu próprio percurso. Multiplica­r áreas de atuação acabará por prejudicá-lo, e à estação. Tem muito talento, mas ninguém consegue ser um ás em todas as áreas ao mesmo tempo. A saturação do público é um dos demónios sempre escondidos na esquina de cada estúdio de televisão. Costuma aparecer de supetão, sem dar tempo a correções da carreira, quando menos se espera. Cuidado.

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