TV Guia

Mimos ao RACISMO e a Ventura

Após vários meses confinado em casa, o rapper santomense produziu canções inéditas que espelham o seu estado de espírito atual. Em Rua do Poço dos Negros, ataca o líder do Chega e, até, a postura da PSP

- TEXTO JOÃO BÉNARD GARCIA I FOTO D.R.

Em ano de confinamen­to obrigatóri­o, por causa da Covid-19, Valete lançou cinco canções inéditas de rajada nos seus canais, nas plataforma­s digitais de música como o Spotify, o YouTube ea Apple Music. Os temas novos do rapper santomense chamam-se Rua do Poço dos Negros, Ilha de Honshu, Olimpo, Viaja e Indústria dos Sonhos e são composiçõe­s que abordam temas como o racismo. Uma das músicas, em especial, é dedicada ao candidato presidenci­al e líder do movimento Chega, o deputado André Ventura, mas com alguns mimos à PSP. É em Rua do Poço dos Negros – nome de uma artéria lisboeta nas imediações da Assembleia da República – que Valete se debruça sobre políticos “racistas” e a violência policial sobre os negros. Cerca de 270 mil pessoas já a visualizar­em nas redes sociais e choveram algumas críticas, por, supostamen­te, estar a promover os racistas e os seus partidos. “Tutorial de racismo estrutural /Diz-me, quantos George Floyds já tivemos em Portugal? /PSP é como a Jihad no Cairo /Têm mais cadastro que qualquer bairro.” E termina o refrão dizendo: “Não vamos fingir que o André (...) é o único fascista no parlamento.” Na música Ilha de Honshu, com 720 mil visualizaç­ões, Valete divide o microfone com o colega português X-Tense. Para o tema Olimpo, que já tem mais de 500 mil visualizaç­ões no YouTube, o rapper convidou Virgul (ex-Da Weasel) e Phoenix RDC, que também o acompanha na música Viaja, a meias com a cantora LIla. Em Indústria dos Sonhos, o artista convida NBC e Mia para fazer back voices, num tema em que destila sofrimento. Ao Correio da Manhã, o santomense de 39 anos confessa sofrer de “ansiedade” e afirma que a dor do confinamen­to o tornou mais criativo: “Estive muito tempo confinado e estes temas refletem estados de espírito diferentes, entre dias de agonia e dias esperanços­os. Foi um bocado esquizofré­nico.”

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