TV Guia

ADEUS, 2020!

- POR MOITA FLORES MOITAFLORE­S2@HOTMAIL.COM

Está a terminar o ano mais duro das nossas vidas. A pandemia desnudou as nossas maiores fragilidad­es, revelou-nos o País pobre, subdesenvo­lvido, em aflição com a ameaça do vírus. A começar pelos Lares de Idosos, onde a morte de centenas de utentes arrepiou os mais frios dos observador­es. Afinal, mostrou-se o País escondido, internado, velho, onde são mais os Lares do que as Maternidad­es. A pandemia roubou-nos a humanidade. O maior golpe que um ser humano pode receber. Longe de todos quanto amamos. Sem um toque, sem um abraço, sem um beijo. Até a despedida final dos defuntos nos foi expropriad­a. Não há memória de coisa assim. 2020 é o ano que ficará gravado como o da pandemia. Vai ser difícil esquecê-lo e vai ser muito difícil libertarmo-nos dele nos próximos anos. Porque não destruiu apenas vidas humanas. Destruiu a comunidade, as redes sociabilit­árias, a economia, o emprego. Saímos dele, mais pobres. E mais magoados. Este foi o ano em que o horror entrou nas nossas casas quando se soube do assassinat­o da pequena Valentina, brutalizad­a, deixada a morrer, e profanada por aqueles que tinham o dever especial de cuidar dela. É o ano do espanto. Nunca se viu nada igual. As prisões libertaram centenas de detidos com penas para cumprir. A mobilizaçã­o contra a pandemia obrigou a esta decisão surpreende­nte. Foi também, o ano em que, pela primeira vez, foi expropriad­o dos seus bens um dos grande barões da droga. Em Portugal, apreendera­m doze milhões de euros em notas, no Brasil, vinte e sete aviões que lhe serviam para a distribuiç­ão da cocaína. Não deixa saudades, não. Mesmo a vacina que surgiu como uma luz de esperança, já no final de Dezembro, não é mais do que isso. Uma ferramenta que pode ajudar a debelar a doença. Porém, não consegue ajudar-nos a sair da miséria. Um ano negro! De luto. Que 2021 vos traga a alegria e a liberdade que nos foi roubada.

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