A noite ELEITORAL
PRESIDENTE MARCELO: Continua mestre na comunicação televisiva. Contavam-se os votos quando apareceu em direto a levantar a refeição no restaurante, como qualquer português em pandemia. Breves minutos, uma ação corriqueira, um tratado de política contemporânea. O PARADOXO DA SIC: às 8 em ponto, os grafismos da SIC falharam. Erro inadmissível. Mostra, além disso, que não havia plano B. Rodrigo bem tentou, mas não conseguiu disfarçar. Porém, ganhar à concorrência com um arranque assim deve ter dado particular gozo, e diz muito sobre o estado da RTP1 e da TVI. PANDEMIA: as filas de eleitores à espera para votar fizeram lembrar as fotografias do primeiro ato eleitoral, em 1975, em que a euforia democrática levou o povo em massa às urnas, e a abstenção ficou pelos 8,5%. Desta vez a razão era sanitária, mas em geral a adesão ao voto foi superior ao que se chegou a temer. JORNALISMO ENGAJADO: o fenómeno Ventura mostrou alguns dos piores vícios do jornalismo, que julgávamos terem ficado no passado. Repórteres a fazerem juízos de valor, estações a silenciarem o candidato, ou mesmo a trocarem a sua voz por músicas de escárnio: houve de tudo na campanha e na noite eleitoral. Fica consagrada a crise dos factos no jornalismo político, crise que urge reflexão sob pena de os jornalistas passarem a ser vistos como parte interessada. Seria mortal.