“Onde estão os PRETOS?”
Brilhou a grande altura na TVI, quando protagonizou A Única Mulher, mas acabou dispensado pela estação. Ator, com dificuldades em andar, devido a uma operação ao joelho, diz que a principal culpada pelo seu desemprego é a RTP
Entrou com estrondo pela casa dos portugueses com A Única Mulher, depois continuou em Ouro Verde e, em A Herdeira, estranhamente, desapareceu ao fim de 63 episódios. Estávamos em meados de 2019. Desde aí, Ângelo Torres, de 51 anos, nunca mais trabalhou em televisão. “Continuo a contar histórias, como fazia, e nos meus projetos, mas, sim, desde que fiz A Herdeira, nunca mais ninguém da TVI me disse nada”, lamenta o ator guineense. À TV Guia, Ângelo Torres faz um balanço negativo de A Herdeira, com muitas críticas: “Aquilo foi um mau casting! Eu estava num papel que era para encher e a própria Maria João Mira [a autora] pediu-me desculpa, porque aquele papel não crescia.” Depois desta dispensa da TVI por telefone, há ano e meio, o ator vive uma longa travessia do deserto. “Perguntem à RTP, à SIC e à TVI… Não sei a razão de não me chamarem. O que sei é que, por muito que digam o contrário, não há representatividade nas novelas. Pretos, chineses, muçulmanos? Onde estão? Nem todos podemos ser bonitos, de olhos azuis…”, dispara, considerando que a estação pública “é a principal culpada, porque é um canal estatal”: “Deviam estar atentos a isso. Os outros seguem atrás.” Desempregado, Ângelo Torres aproveitou para ser operado ao joelho esquerdo. A chegada da Covid-19 travou a fisioterapia e a sua recuperação. “Estava a correr tudo bem, estava a recuperar, já não precisava de usar bengala e depois veio este bicho…”, diz o ator, assumindo as fraquezas: “Hoje, não me é fácil subir 20 degraus e andar durante muito tempo.” Perante tantas adversidades, profissionais e pessoais, Ângelo Torres agradece à pandemia por ainda ter apanhado ninguém na sua extensa família: “Estamos todos bem de saúde, não tem sido fácil, mas cá estamos. Também ajuda ter cinco médicos e três enfermeiros na família. Está tudo acautelado.”