“APESAR DO QUE POSSAM DIZER, sou envergonhada”
A dar cartas na novela Amor Amor, da SIC, a atriz, de 41 anos, assume dificuldades com a sua personagem cómica, elogia o colega José Fidalgo como “uma brasa”, confessa o inferno do confinamento em casa e abre o livro sobre os homens da sua vida. Um deles, imagine-se, ainda lhe trata das curvas
A“Não me apetece falar sobre isso (novo amor). As pessoas estão a conhecer-se e depois logo se vê. As coisas podem dar, ou não. É preciso ter calma”
pós uma pausa grande, voltou com uma novela, Amor Amor, muito diferente do que é habitual. E está a ser um desafio gigante! Confesso que, às vezes, até é um bocadinho frustrante... Porquê?
Porque fazer humor é bastante difícil. Porque quero sempre fazer melhor e sinto-me um bocadinho como um peixe fora de água. Sou novata na comédia, só tinha feito em teatro, e é diferente, porque é mais imediato. Mas o que é que teme? Primeiro, é mais difícil fazer rir do que chorar. Depois, o humor é muito difícil. Confesso: sinto-me muito insegura, mas isso também é bom, porque me deixa mais alerta e traz uma pressão que gosto. Gosto de trabalhar sob pressão. E depois, com o cabelo assim sinto-me, completamente diferente. Calhou-lhe um par... Um alto par [risos]. Além de ser uma brasa, o Zé [José Fidalgo] é um querido e estou a adorar trabalhar com ele. Somos mesmo amigos e damo-nos muito bem. Ele tem sido supergeneroso e temos estado em sintonia. Na novela tem várias cenas quentes com José Fidalgo. Fazê-las ainda a intimida?
Com o Zé não é difícil [risos]. Estou a brincar... Somos os dois profissionais e é facílimo fazer estas cenas mais quentes. Acho que aquelas cenas mais quentes, entre as nossas personagens, acabam por ser engraçadas, porque são sempre meio tontas. E nós rimo-nos muito nos ensaios. Ah, e somos muito bem defendidos pela equipa. Vejo aquelas cenas quentes como uma espécie de comédia romântica, mais do que um filme erótico ou brejeiro. Este seu lado sexy é inato ou é emprestado à personagem?
Não me sinto propriamente sexy. Confesso que é onde tenho mais dificuldade, porque sou, apesar de tudo e o que possam dizer, envergonhada. Mas depois de estar em estúdio, de vestir-me de Emília, essa sensualidade aparece. Porque é ela, não sou eu. O que posso dizer é que a roupa daquela mulher ajuda imenso. Mas a Bárbara não se considera sexy? Não... [pausa] Tem dias. Conforme acordo. Tenho, digam o que disseram, inseguranças, como todas as mulheres têm. Há dias em que me sinto gira e até tiro uma fotografia no ângulo certo, outras em que nem quero saber. Mas, regra geral, não estou a pensar se estou sexy, se não estou. Já que falamos de se sentir sexy... Fale-nos lá da sua nova paixão. Não vou falar sobre isso. Mas está feliz?
Estou bem. O que é que, desta vez, a faz ser tão discreta? Porque acho, sei lá, olhem, a verdade é que não me apetece. Não me apetece falar sobre isso. As pessoas estão a conhecer-se e depois logo se vê. As coisas podem dar, ou não. É preciso ter muita calma.
FILHAS E STRESS EM TEMPO DE COVID
Como está a ser gravar uma novela com a pandemia a trocar as voltas a toda a gente? Ninguém estava à espera desta situação, tem sido um dia de cada vez e tenho-me tentado organizar da melhor forma, porque tenho duas filhas. Deixar de trabalhar nunca foi opção... e depois a SP Televisão está muito bem organizada em relação à testagem. Ajuda no que for preciso, até a nível logístico. O que posso dizer é que até me sinto uma sortuda por, numa altura destas, estar a trabalhar. Mas sente que a sua vida mudou? Sim, mas como não gravo o dia inteiro, acaba por ser mais fácil. Além disso, a Luz já é crescida, já me consegue ajudar com a Flor e tenho uma pessoa, que já trabalhava comigo em casa, a ajudar com as miúdas. É um apoio importante! Apesar de agora estar a trabalhar mais regularmente, teve aí uma fase menos positiva... Estive parada só um ano. Mas é normal. Esta novela era para arrancar mais cedo, mas, face à Covid, esperei mais tempo. Mete algum respeito ficar sem trabalhar um ano? Já estou habituada a estas paragens. Tive contrato com a TVI durante muitos anos, que entretanto acabou, e passei a viver ao trabalho. Mas, como sempre fui uma pessoa muito organizada, há 20 anos que sou assim, desenho sempre o pior cenário. Por isso, tento organizar-me da melhor forma a nível financeiro. E tento, depois, ter o máximo de poupanças possíveis para gerir isto quando não estou a trabalhar. Senão, entro em stress! Por isso, tento pensar sempre positivo e quando trabalho dou sempre o melhor, para que me voltem a chamar. As suas filhas já estão na escola e, este ano, com a telescola e ensino à distância. Sente-se um bocadinho professora quando está em casa? A Luz tem 14 anos, mesmo antes da Covid já era uma menina responsável e independente. Não tenho de andar atrás dela. Orienta-se sozinha e nem preciso de intervir. É giro, porque acorda de manhã, arruma o quarto e veste-se como se fosse para as aulas, algo. de resto. que instiguei, para ela manter as rotinas. A nível psicológico, isso é importante. O difícil é a Flor, que vai fazer 5 anos. Então? Porque ela, vamos a ver, precisa de correr, saltar, de parques e jardins, e é muito difícil estar em casa dias e dias a fio. Admiro os pais que estão em teletrabalho com filhos pequenos. Não sei como conseguem. Eu, nos dias em que não gravo, dou em louca. Porque a Flor é muito exigente, a nível físico e psicológico. Às vezes, já não sei o que hei de inventar mais para ela gastar energia. A minha casa, ainda para mais, não tem varanda, logo é complicado. É nessas alturas que me apetecia ter uma quinta gigante para ela correr e saltar à vontade, fazer uma vida ao ar livre. Porque estar fechada em casa é mesmo difícil. Ela estranha toda esta situação, porque não tem meninos da sua idade para brincar e não percebe porque é que não pode andar à vontade ou simplesmente ir ao parque.
Tinha chegado a acordo em tribunal, com os pais de ambas, para a guarda partilhada. Mas como ficou a situação com a pandemia?
Está tudo igual. Começámos a guarda partilhada há um ano, e tem corrido sempre bem, até porque os pais das minhas filhas também fazem muitos testes como eu e, por isso, não há problemas. Ou seja, continuamos na mesma [sorrisos]. Semana sim, semana não, elas estão com os pais. Tenho tentado ao máximo que as regras não se quebrem. É bom para elas.
Falou que a Luz tem 14 anos. Está preparada para o primeiro namorado da sua filha?
Sim, estou mais preparada do que pensava que ia estar. É o processo na-
tural das coisas. Nós conversamos imenso sobre tudo e eu tento encaminhá-la o melhor que posso. Tenho uma comunicação muito boa com a Luz e isso faz com que não esteja com esse medo. Estou até orgulhosa da adolescente que ela é, com as coisas dela, nomeadamente os momentos amor/ódio com a mãe [risos]. Mas faz tudo parte, por causa das hormonas... Voltando atrás, mantemos uma relação excelente, cheia de conversa, e a melhor parte é que, quando ela tem dúvidas, pergunta-me, o que é bom. Teme alguma pergunta em particular? Não. Nada mesmo. Sou muito descontraída. Sempre lhes respondi a tudo, só tenho cuidado na forma de expor as situações... Nunca lhes minto, e não escondo nada. A minha vida, para elas, é bem clara. Elas são as pessoas mais importantes para mim e se há alguém a quem tenho que dar explicações é a elas.
‘EX’ ATÉ LHE TRATA DAS CURVAS
Ter feito 41 anos fez mudar alguma coisa em si? É verdade, sinto-me mais madura. Os 40 foram ali uma idade muito importante para mim. Mas também tenho a noção de que são os melhores anos da vida de uma mulher. Há uma maturidade e uma confiança em nós diferente e gosto muito mais de mim agora do que aos 30. Ou mesmo aos 20, quando era extremamente insegura. Sente que cumpriu objetivos? Sim, já sou mãe de duas filhas, dou-me superbem com os pais de ambas, tenho a minha vida organizada. Acho que consigo desfrutar melhor da minha vida. Falou da boa relação com o pai das suas filhas... a ponto de se ter pensado que tinha reatado com Ricardo Areias... A minha relação com o Ricardo é muito fora da caixa para aquilo que eu vejo. E percebo que, às vezes, até pareça um bocadinho esquisito, mas ele é mesmo só o meu melhor amigo. Dou-me bem com o pai da Luz, mas com o Ricardo é diferente... E a namorada dele sabe... Tanto, que é explicadora da Luz [risos]. Tem muita graça, tenho uma família fora da caixa, mas é tudo muito sincero. E ter os pais das minhas filhas felizes é ótimo. Há muito mais paz para todos. O Ricardo, como sabemos, até é o seu personal trainer... O que é ótimo, porque puxa imenso por mim e não me deixa esmorecer. E não posso faltar a um treino, que ele dá-me na cabeça. E o bom é que há uma harmonia em tudo. Sente-se que esta é a fase mais calma da sua vida... É bem capaz [risos]. Se bem que tenho muita coisa para aprender e fazer. Mas chegar até aos 40 anos foi muito mais stressante, com muita gana, muita garra e muito medo de chegar a esta idade e não ter estabilidade. E agora que cá estou: percebi o que consegui... Posso estar em paz. E depois há outra coisa, que é o que não consegui: ainda estou a tempo de conseguir e isso é muito bom.