TV Guia

PORMENORES QUE FAZEM A DIFERENÇA

- POR LUÍSA JEREMIAS

Um primeiro episódio não faz uma novela. Um primeiro episódio tem é de estar tão bem feito, tão bem pensado, escrito, interpreta­do, editado ao pormenor que transmita ao espetador a vontade de que vale a pena continuar a acompanhar a história, dia após dia. Num momento em que novelas se tornam símbolo de “quanto mais fácil, melhor”, dando pouca importânci­a ao argumento, como se se passasse atestados de estupidez ao público, a estreia de A Serra tornou-se uma boa surpresa. Porquê? Porque revela preocupaçã­o de que nenhum pormenor seja deixado ao acaso. E, como sabemos, são os pormenores que fazem a diferença quando é preciso optar.

A Serra tem o que é necessário para a tornar um bom produto de ficção. Desde Esperança – série da qual vimos uma amostra na SIC generalist­a, tendo sido depois remetida para o streaming da estação, OPTO – que nada se mostrava tão cuidado. Começando pela realização: não são só as paisagens que são lindas, os cenários criados perfeitame­nte integrados no ambiente que se pretende criar, o guarda-roupa perfeito, o que conta aqui é como tudo isto é “cozinhado” e “empratado” para o espetador, de modo a deliciá-lo. Depois vêm as interpreta­ções: Júlia Palha, que já tinha dado mostras em Na Corda Bamba que é muito, mas mesmo muito mais do que uma menina bonita, prova que já é uma atriz de primeira linha. Sofia Alves, a vilã adorável, regressa em todo o esplendor. E o núcleo “cómico” Maria João Abreu e Carla Andrino já deram um ar da sua graça do que por aí vem. Temos “novelão”. E não “novelinha infantiloi­de”, como tanto está na moda porque as televisões generalist­as continuam a acreditar que o horário nobre é para as crianças. Enfim...

Em história – e apenas para já –

A Serra perde para a concorrent­e

Amar Demais. Esta, remetida para o late night da TVI, dá shows de representa­ção mas tem uma lacuna a resolver: a forma como está gravada, “à antiga”. Se víssemos Lisboa como estamos a ver a Beira, seria tudo muito mais harmonioso.

Agora é esperar para ver as decisões: se os “novelões” só passam tarde e más horas ou se algo pode “crescer” na programaçã­o das privadas.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal