A URGÊNCIA do agora
Avida dá-me urgência. A minha família, os abraços das minhas pessoas, o desporto, o trabalho, os mergulhos no mar... Não costumo pensar muito no que passou, nem pauto o que faço agora a pensar no futuro. Quando estou, tento sempre estar inteira. Aprender. Ouvir. Ter tempo para parar e perceber como é boa a vida. Com os telemóveis, as redes sociais, isto de estarmos sempre online, com pressa, a correr, faz-me pensar que me deparo, muitas vezes, com momentos únicos e irrepetíveis que se perdem entre ecrãs, atenções distraídas e a pressa do amanhã. Quando aconteceu o agora não chegar? O simples, o ímpar, o real. Sempre achei que a arte da simplicidade é, muito provavelmente, a mais cativante de todas as artes e é precisamente a que encontro quando me deixo estar. Sentir tudo, observar, ouvir. Até porque tenho uma curiosidade inata pelas pessoas. O ser pessoa. Completa. Descobrir os detalhes e embarcar numa aventura com destino desconhecido. Que bom que é quando, pelo caminho, nos cruzamos com descobertas surpreendentes que nos ensinam e nos trazem vida, descobertas limpas e tão claras como os melhores dias de verão. É por isso que me sabe tão bem “desligar”. Não de mim, não dos meus, não do que adoro fazer... mas da correria. A minha urgência é cada vez mais a de não perder o agora. Os primeiros passos da Caetana. As descobertas da Maria. O acordar em família sempre que posso. As chamadas que trazem gargalhadas boas entre amigas e onde comemoramos as vitórias umas das outras. Estar disponível. Deixar-me estar e saborear esses momentos. Não acho que estes confinamentos nos imponham a obrigatoriedade de aprender a fazer tudo, de estarmos sempre online e cheios de entusiasmo. A mim, trouxeram-me uma outra medida com novas dimensões, o agora. Verdadeiramente. Há quanto tempo não se dão ao luxo de entrar em “modo de voo” por uns momentos? Atrevam-se. Garanto-vos que não se vão arrepender.