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IMPÉRIO à moda do Pipo

A Justiça ainda não fechou o caso do desapareci­mento de Nuno Batista, mas os negócios ligados à imagem do cantor já têm sucessor. João Carlos Costa é Manel do Barril, com ginjas, pastéis e vinhos

- TEXTO JOÃO BÉNARD GARCIA I FOTOS INSTAGRAM

Vinte e nove meses depois do desapareci­mento do popular Zé do Pipo, ou mais concretame­nte do cantor Nuno Batista, de 40 anos, o mistério continua em aberto. A Justiça ainda não conseguiu apurar se o artista se suicidou, se foi morto, raptado ou sequestrad­o. As pistas encaminham a investigaç­ão para um beco sem saída e por isso todas as hipóteses se mantêm em aberto. “No caso em apreço nos autos, investiga-se, como uma das possibilid­ades abstratame­nte considerad­as, a eventual prática dos crimes de homicídio, de rapto ou de sequestro”, lê-se no processo que permanece no Tribunal de Leiria. Suspeita-se, inclusive, de que alguém terá apagado as chamadas realizadas do telemóvel de Nuno Batista – no período compreendi­do entre os dias 5 e 6 de novembro de 2018 (nas 17 horas que antecedera­m o seu desapareci­mento) –, depois de o aparelho ter sido acionado.

TROCADO POR UM FÃ

Quem acabou por ficar como “o lugar” de Zé do Pipo foi João Carlos Costa, um fã do cantor desapareci­do, que, além do boneco do cantor de músicas marotas, herdou as Piponetes (as quatro bailarinas) e todos os produtos de merchandis­ing associados à figura popular assumida durante dez anos por Nuno Batista. Luís Martins, o criador há 12 anos da figura de Zé do Pipo, não demorou mais de cinco meses a arranjar-lhe o sucessor. Foi assim que João Carlos Costa passou a vestir-se com roupas coloridas, meteu uns óculos escuros e uma boina e se chama agora Manel do Barril. As Piponetes passaram a Barriletes e nem as vestimenta­s bem curtinhas mudaram.

GINJAS, PASTÉIS E VINHOS

Tal como o seu antecessor, que poderá estar vivo ou

morto, Manel do Barril é uma autêntica máquina de fazer dinheiro para Luís Martins, uma vez que é este o autor da ideia e quem negoceia a imagem do cantor e todos os contratos de associação a produtos, na sua maioria da região de Óbidos, de onde os intérprete­s são naturais. Zé do Pipo tinha uma linha de ginjas de Óbidos com o seu nome. Manuel do Barril também tem. O cantor desapareci­do dava a cara por uns chocolates com ginja. João Carlos Costa é o rosto dos pastéis à Manel do Barril. A lista inclui ainda vinhos tintos, brancos e rosés da região Oeste, oriundos de empresas vitiviníco­las locais, com quem Luís Martins negociou contratos em nome da Moinho da Música, a sua produtora sediada em Casais do Rio, Leiria. Manel herdou o “património” de Zé do Pipo, mas, logo na apresentaç­ão do projeto, tentou descolar-se do “desapareci­do”. “Vou continuar um projeto que já era de sucesso. Foi uma honra ter sido escolhido no casting. Estou ligado à música desde os 12 anos, era amigo e fã do Zé. Foi um sonho que se tornou realidade”, disse na altura.

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Uma máquina de fazer dinheiro: Manuel do Barril é a galinha dos ovos de ouro da Moinho da Música, uma produtora do Oeste.
 ??  ?? Manel do Barril herdou as atrevidas Piponetes de Zé do Pipo, agora Barriletes, que são suas coadjuvant­es nos videoclipe­s e nos espetáculo­s.
Manel do Barril herdou as atrevidas Piponetes de Zé do Pipo, agora Barriletes, que são suas coadjuvant­es nos videoclipe­s e nos espetáculo­s.

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