“FOI MUITO DURO nesse aspeto”
O ator é natural de Espinho e, temendo contagiar os pais e a avó, isolou-se no último ano, algo que lhe custou muito, especialmente porque estava a trabalhar. Mas um novo amor, a cozinha e o ensino de francês à distância fizeram-no passar o tempo com mais
Oúltimo ano para Vítor Silva Costa tem sido marcado por uma palavra: saudade. “Não sou só eu. Acho que estamos
todos assim”, começa por dizer o ator natural de Espinho, que, por causa da pandemia, se viu impedido de estar com a família. “Como todos nós, fui apanhado de surpresa e tive de me proteger a mim e à minha família. Porque, e isto é o que todos dizemos, acho que se apanhasse correria bem, mas não me queria sentir responsável por passar aos meus pais ou à minha avó. Seria um peso muito grande. Por isso, isolei-me mais e felizmente até agora correu bem. Claro que saudade foi a palavra de ordem, não os podendo ver fisicamente.”
Vítor Silva Costa insiste: o último ano foi “duro nesse aspeto”. “É que comecei a trabalhar, ou seja, estava com muita gente e achei que não tinha que expor a minha família a riscos. Tornei as coisas chatas, mas teve de ser”, confessa o ator, que temia especialmente pela sua avó, que tem 67 anos. “Ela ainda é nova, mas é muito irreverente e não estava nada para estar fechada em casa, queria viver a vida dela normalmente.” Brevemente, vai poder estar com todos, uma vez que o pai “já foi vacinado” eo resto da família “não deve tardar”.
NAMORADA ESCONDIDA
O confinamento não foi vivido sozinho, porém. A 17 de fevereiro, revelou, num programa da rádio RFM, estar novamente “acompanhado”, mas não desvendou o nome do novo amor. A TV
Guia inquiriu-o sobre o tema, mas Vítor, de 28 anos (a um mês de fazer 29), escudou-se no silêncio. “Já sabem que não falo da minha vida privada.” Deixou claro que o nova paixão teve de o dividir com interesses que encontrou entretanto: “A pandemia permitiu-me fazer coisas que, se calhar, de outra maneira não faria. Assim, comecei a tirar um curso de francês, online, terminei as cadeiras do Conservatório de Teatro e Cinema, ou seja tenho o curso acabado. E aproveitei para aprender guitarra, que era uma coisa que desejava há muito. E depois li livros em atraso, vi filmes… Não dei o tempo por perdido. Lembro-me de que, quando isto começou, até achei piada não ter agenda, não ter coisas para fazer, só descansar. Mas, depois de uma semana, já não me permitia estar quieto.” Na cozinha também se esmerou. “Sempre soube cozinhar. Tive de me habituar, pois, aos 19 anos, já morava em Lisboa. E agora já sei fazer umas coisas mais elaboradas. Foi só uma questão de afinar”, diz. O problema foi a balança. O ator ri-se. “Ainda bem que, para o Guilherme [personagem de A Serra], tenho de andar mais vestido, serve para camuflar o peso ganho nos confinamentos e fins de semana preso em casa”, admite, a rir. “Mas, de vez em quando, fiz
umas corridas, porque me queria sentir bem. Não sou radical, mas tentei controlar-me”, acrescenta.
PREPARAÇÃO AFINCADA
Guilherme é o regresso do ator à SIC. Parece que Vítor Silva Costa estava ausente do pequeno ecrã há muito tempo mas é menos do que se possa pensar. “Parece mais, não é? Fiz o arranque da Terra Brava, há mais de ano e meio, e depois veio teatro e o Conta-me Como Foi, para a RTP1. Terminámos em fevereiro de 2020 e, como entretanto veio a pandemia, parece que estive longe mais
tempo”, recorda.
Quanto a Guilherme, o sisudo advogado que se apaixona por Fátima (Júlia Palha), quis preparar-se em grande, até porque, como sublinha, está “a adorar” fazer esta personagem, que é “muito
distante” da sua personalidade. Para se ver na pele de um advogado atormentado “por erros do passado e por dois ou três segredos graves”, que não quis revelar, “mas que são a causa de ter tido para a serra”, o ator fez uma preparação profunda. “Foi tudo feito a título pessoal, mas estive a conversar com dois advogados, que já exercem há mais de 20 anos, e um juiz. Nestas personagens, que tem linguagens e posições mais técnicas, com um léxico específico, quis estar bem preparado para saber o que estava a dizer. Quis perceber melhor o código criminal, o civil, as expressões habituais nos advogados. Mas, felizmente, a escrita também me tem ajudado, porque está protegida.”
Gravar em tempo de pandemia é que é “uma porcaria para toda a gente”, atira, justificando que o seu trabalho “vem das emoções e do contacto”. O que mais lhe custa, adianta, “é ao fim do dia” quando se sente “mais cansado, ou mais em baixo, não poder abraçar ninguém”.