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Como seria um País SEM CULTURA?

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Honestamen­te, penso que nunca, e até onde a memória nos leva, esta questão terá sido feita e também terá feito tanto sentido em ser colocada. Por força de uma crise sanitária a nível global, compreendi­da como pandemia, a sociedade em que vivíamos viu-se forçada a parar. É certo que, felizmente, não parámos “todos”, mas é factual que, pelo menos muitos de nós, julgo até que a maioria, se viram obrigados a interrompe­r as suas atividades profission­ais e, conjuntame­nte com o resto do Mundo, aceitar um conjunto de medidas e restrições relacionad­as com o combate a esta doença. As minhas suspeições iniciais parecem confirmar-se a cada dia que passa, de que este seria um teste que nós, enquanto sociedade, claramente não iríamos passar. Digo-o por verificar que a crise de valores morais e éticos, o assalto aos direitos, liberdades e garantias, as assimetria­s sociais, económico-financeira­s, que até então se verificava­m, estão agora numa fase em que o movimento negativo das mesmas reveste-se de uma cadência alarmantem­ente crescente. Confesso que a forma indiferent­e e egoísta como se olha para o “vizinho do lado” me incomoda, esquecendo-se de que “nós” só estamos bem se todos os outros também estiverem. Tudo isto nos deve remeter para o estudo e análise da identidade de um Povo: quem somos? Qual a nossa missão e papel no Mundo em que vivemos? De onde viemos e para onde vamos? Esta identidade cumpre-se através de algo tão simples como as suas raízes, as suas tradições... a sua Cultura. E quando não se compreende que tudo o que nos rodeia acaba por ser ativado pela Cultura, a partir daí, tudo se tornará mais difícil, como, aliás, o passado sempre nos mostrou. O nosso país tem, a meu ver, condições naturais e geográfica­s únicas, que, aliadas à identidade e tradição de um Povo que sabe receber como ninguém, se torna num lugar único que todos vão querer conhecer e visitar. Daí entender que Portugal não tem de ter qualquer tipo de problema em se assumir como um destino turístico de excelência, como, aliás, se vinha a afirmar. A única situação que todos devemos ter em conta é que tal só acontece porque, na sua génese, existe uma forte e diversific­ada oferta cultural. Falo-vos na magia etnográfic­a do nosso Povo, através do artesanato, das danças e cantares tradiciona­is (folclore regional), até mesmo dos milhares de eventos culturais anuais que dinamizam a economia regional e que, por sua vez, alavancam exponencia­lmente a economia nacional. Os números já são conhecidos, tal como a riqueza da gastronomi­a, das tradições, algumas delas milenares, de recriações históricas levadas a cabo por artistas das mais variadas áreas em monumentos de grande referência e relevância histórica. Ao não compreende­rmos esta tão importante herança, que nos foi transmitid­a e passada pelas gerações anteriores, é como rejeitar e negar a família, o berço de onde nós próprios emanámos. E, como tal, com todo o bem e o mal que terá sido feito no passado, saibamos aceitar e seguir em frente, pois fundamenta­lmente somos hoje aquilo que foi construído ao longo dos tempos. Nunca o esqueçamos. Só seremos verdadeira­mente um Povo quando, efetivamen­te, fizermos não só as pazes com o passado mas também as pontes com o futuro. E que, para que tudo isto aconteça, só mesmo ativando o pilar da Cultura... a nossa verdadeira identidade.

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 ??  ?? Nelson Rosado, de 45 anos, é o convidado desta semana da
Varanda da Esperança.
Nelson e Sérgio em palco, em mais um concerto memorável dos Anjos, banda formada há 22 anos.
No dia dos 64 anos da mãe, Graciete, com o pai, Manuel, e o irmão, Sérgio.
O retrato de uma família feliz: o cantor, a mulher, Sílvia, e os filhos, Kelly, 14 anos, e Kevin, 9.
Nelson Rosado, de 45 anos, é o convidado desta semana da Varanda da Esperança. Nelson e Sérgio em palco, em mais um concerto memorável dos Anjos, banda formada há 22 anos. No dia dos 64 anos da mãe, Graciete, com o pai, Manuel, e o irmão, Sérgio. O retrato de uma família feliz: o cantor, a mulher, Sílvia, e os filhos, Kelly, 14 anos, e Kevin, 9.

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