TEMPESTADE perfeita
ATVI está com um enorme problema às 7 da tarde. Recordemos, para benefício do espectador, a quem nos cabe servir e para quem tentamos descodificar os principais movimentos televisivos: trata-se de uma faixa essencial para a conquista do horário nobre, porque é a essa hora que uma enorme multidão de portugueses chega a casa e escolhe o canal que vai ficar ligado na sala, pelo menos até ao jornal das 20 horas, muitas vezes até ao fim do serão. Porque, não haja ilusões, é assim que se comporta o público da televisão generalista. Produto forte às 19 horas é meio caminho andado para a tranquilidade de um projeto – a RTP1 aí está para o provar, que praticamente só tem bons resultados nesse horário, com O Preço Certo, de Fernando Mendes, mas isso, sendo muito pouco, chega mesmo assim para dar energia e manter a cabeça à tona da água (sem O Preço Certo a média diária da RTP1 desceria uns 10% adicionais). Ora, o fracasso de Cristina Ferreira, a bater sucessivos mínimos de audiência no ComVida, e com tendência constante de queda, cria à TVI um novelo difícil de desfazer. Para poder subir, terá de acabar com o programa, mas acabar com o programa representará o fracasso final de quem tem a responsabilidade de fazer subir o canal. O problema, no momento em que escrevo, está nos 13% de share, registados quinta e sexta-feira passada. E se o resultado baixar ainda mais, aproximando-se da casa de um dígito, fruto da profunda desadequação do produto ao horário em que está? Cristina decidirá acabar com o seu próprio programa, a benefício do canal? Trata-se de uma equação irresolúvel no atual contexto da empresa. Vem aí uma tempestade perfeita: acionista e diretora de programas (que acumula com apresentadora) não é um bom ‘mix’ quando há um problema sério para resolver.