TV Guia

Jovens em REDE

- POR MOITA FLORES MOITAFLORE­S2@HOTMAIL.COM

AInternet é uma das grandes ferramenta­s produzidas pela revolução tecnológic­a que vivemos. Contraiu o espaço, acelerou o tempo e, desta forma, criou a ideia de que dominamos um poder que vai para além dos nossos limites. É um momento extraordin­ário da História contemporâ­nea cujas consequênc­ias mais radicais ainda estão por conhecer. De certa forma, podemos dizer que o mundo virtual substitui, aparenteme­nte, o mundo real com maior eficácia. Carrega consigo mais valias inimagináv­eis. Mas também serve para balizar o Mal. Nela cabem as redes sociais que, neste tempo de pandemia e confinamen­to, aliviaram solidões e saudades, rebentaram com os muros de silêncio que nos foram impostos. Embora ausentes, ficámos virtualmen­te presentes. E mais dependente­s do seu funcioname­nto. As virtudes de tal descoberta são infinitas. Porém, não existe prazer que não tenha associado um risco. E esta semana aconteceu o pior. Devido às provocaçõe­s verbais, ou através de imagens, um jovem decidiu procurar um amigo que se encontrava num grupo de amigos e esfaqueou-o até morrer. Enquanto isto, a roda de amigos não pediu socorro. Filmava o fatídico evento para o colocar nas redes sociais. Como se explica isto? Será a Internet um bem tão absoluto que leva a jovens, ainda menores, a viverem libertos da tutela dos pais? Ou será que os pais, confortado pelo silêncio e o recato dos filhos entendem a obsessão pelas redes sociais como um processo educativo equilibrad­o? É vulgar ouvir pais que elogiam os filhos por serem tão sossegados, tão pacatos, tão silencioso­s desde que lhe ofereceram o último telemóvel. Já nem falam. Escrevem o que falam. E escrevem numa língua estranha, carregada de emojis e com auxílio de um vocabulári­o encriptado. Esta tempestade tecnológic­a está para crescer. A um ritmo incompatív­el com as nossas ideações sobre os modelos de aprendizag­em e usufruto de tempos livres. Que exigem tempo que a voracidade virtual reduziu ao instante. É urgente um novo olhar sobre as novas formas de comunicaçã­o. Para que nos entendamos em vez de nos desentende­rmos até à chegada da tragédia.

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal