Jovens em REDE
AInternet é uma das grandes ferramentas produzidas pela revolução tecnológica que vivemos. Contraiu o espaço, acelerou o tempo e, desta forma, criou a ideia de que dominamos um poder que vai para além dos nossos limites. É um momento extraordinário da História contemporânea cujas consequências mais radicais ainda estão por conhecer. De certa forma, podemos dizer que o mundo virtual substitui, aparentemente, o mundo real com maior eficácia. Carrega consigo mais valias inimagináveis. Mas também serve para balizar o Mal. Nela cabem as redes sociais que, neste tempo de pandemia e confinamento, aliviaram solidões e saudades, rebentaram com os muros de silêncio que nos foram impostos. Embora ausentes, ficámos virtualmente presentes. E mais dependentes do seu funcionamento. As virtudes de tal descoberta são infinitas. Porém, não existe prazer que não tenha associado um risco. E esta semana aconteceu o pior. Devido às provocações verbais, ou através de imagens, um jovem decidiu procurar um amigo que se encontrava num grupo de amigos e esfaqueou-o até morrer. Enquanto isto, a roda de amigos não pediu socorro. Filmava o fatídico evento para o colocar nas redes sociais. Como se explica isto? Será a Internet um bem tão absoluto que leva a jovens, ainda menores, a viverem libertos da tutela dos pais? Ou será que os pais, confortado pelo silêncio e o recato dos filhos entendem a obsessão pelas redes sociais como um processo educativo equilibrado? É vulgar ouvir pais que elogiam os filhos por serem tão sossegados, tão pacatos, tão silenciosos desde que lhe ofereceram o último telemóvel. Já nem falam. Escrevem o que falam. E escrevem numa língua estranha, carregada de emojis e com auxílio de um vocabulário encriptado. Esta tempestade tecnológica está para crescer. A um ritmo incompatível com as nossas ideações sobre os modelos de aprendizagem e usufruto de tempos livres. Que exigem tempo que a voracidade virtual reduziu ao instante. É urgente um novo olhar sobre as novas formas de comunicação. Para que nos entendamos em vez de nos desentendermos até à chegada da tragédia.