SEXO COMERCIAL
Asemana foi pródiga em militâncias de contestação, indignação, solidariedade e protestos contra um jogador de futebol português, a jogar na Grécia, que, segundo as primeiras notícias, teria violado uma jovem. Para tanto, alcoolizara-a e dispôs do seu corpo conforme entendeu, agredindo-a sexualmente. Confesso que ainda participei nesse clamor inicial, afirmando aquilo em que acredito, e que se mantém como crença definitiva: uma relação sexual ou é consentida ou é crime. Quando uma mulher diz não, seja em que circunstância for, é não! Por outro lado, confiei na regra sem reconhecer a exceção. É muito difícil para uma mulher violentada sexualmente dar notícia pública do sucedido. Mesmo que seja à autoridade judicial. A dor, o estropiamento da autoestima, os danos de personalidade, o medo de se expor, fazem com que a cifra negra, no crime de violação, seja particularmente grande. É muito difícil expor a nossa intimidade. Mais perturbadora se torna quando ela foi devassada sem o seu consentimento. Os danos psicológicos que a violação provoca vão, na maioria dos casos, muito para além dos danos físicos, provocando dor insuportável às vítimas. Dito isto, foi necessário dar mais uns passos, isto é, deixar passar alguns dias, até se conhecer a decisão do juiz de instrução que apreciou o caso. Teve a prudência de esperar por exames forenses e verificação de comunicações telefónicas. E decidiu. Embora se desconheça o processo, é certo, que não aceitou as provas de violação que lhe foram presentes. E aceitou provas de que a jovem procurou extorquir dinheiro ao atleta português sob a ameaça de uma denúncia judicial. Extorsão e sexo quando se aliam tornam-se num instrumento perverso que atinge os dois protagonistas. Que fique como lição para ambos. A sexualidade, quando se situa no patamar do negócio, tem todas as razões para correr mal. Como foi o caso.