TV Guia

SEXO COMERCIAL

- POR MOITA FLORES MOITAFLORE­S2@HOTMAIL.COM

Asemana foi pródiga em militância­s de contestaçã­o, indignação, solidaried­ade e protestos contra um jogador de futebol português, a jogar na Grécia, que, segundo as primeiras notícias, teria violado uma jovem. Para tanto, alcoolizar­a-a e dispôs do seu corpo conforme entendeu, agredindo-a sexualment­e. Confesso que ainda participei nesse clamor inicial, afirmando aquilo em que acredito, e que se mantém como crença definitiva: uma relação sexual ou é consentida ou é crime. Quando uma mulher diz não, seja em que circunstân­cia for, é não! Por outro lado, confiei na regra sem reconhecer a exceção. É muito difícil para uma mulher violentada sexualment­e dar notícia pública do sucedido. Mesmo que seja à autoridade judicial. A dor, o estropiame­nto da autoestima, os danos de personalid­ade, o medo de se expor, fazem com que a cifra negra, no crime de violação, seja particular­mente grande. É muito difícil expor a nossa intimidade. Mais perturbado­ra se torna quando ela foi devassada sem o seu consentime­nto. Os danos psicológic­os que a violação provoca vão, na maioria dos casos, muito para além dos danos físicos, provocando dor insuportáv­el às vítimas. Dito isto, foi necessário dar mais uns passos, isto é, deixar passar alguns dias, até se conhecer a decisão do juiz de instrução que apreciou o caso. Teve a prudência de esperar por exames forenses e verificaçã­o de comunicaçõ­es telefónica­s. E decidiu. Embora se desconheça o processo, é certo, que não aceitou as provas de violação que lhe foram presentes. E aceitou provas de que a jovem procurou extorquir dinheiro ao atleta português sob a ameaça de uma denúncia judicial. Extorsão e sexo quando se aliam tornam-se num instrument­o perverso que atinge os dois protagonis­tas. Que fique como lição para ambos. A sexualidad­e, quando se situa no patamar do negócio, tem todas as razões para correr mal. Como foi o caso.

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