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INFERNO sem fim

Depois da morte do banqueiro, os holofotes viram-se para os passos da viúva, Maria de Jesus. Está em prisão domiciliár­ia, mas deverá pedir libertação. Polícia atenta a mexidas em dinheiro e imóveis

- TEXTO JOÃO BÉNARD GARCIA | FOTOS TIAGO SOUSA DIAS E D.R.

Maria de Jesus Rendeiro, 69 anos, a agora viúva do ex-banqueiro João Rendeiro, ainda vai ter de percorrer a via-sacra dos tribunais até se conseguir livrar das suspeitas e das acusações de que tem sido alvo desde que em outubro de 2021, quando o marido fugiu num jato privado, primeiro para o Dubai e depois para a África do Sul, a deixou sozinha. Em causa, além dos crimes que lhe são imputados de descaminho das obras da coleção de arte do Banco Privado Português (BPP), das quais era fiel depositári­a, e da prestação de falsas declaraçõe­s que a levaram à prisão preventiva domiciliár­ia com pulseira eletrónica, Maria de Jesus continuará a ser investigad­a pela autoridade­s policiais e judiciais, até se apurar que o património que possui não resulta de transferên­cias efetuadas pelo falecido marido, bens que poderão liquidar os milhões em dívida aos lesados do BPP. Além das suspeitas de ser detentora de uma conta offshore, num paraíso fiscal no Oriente, há ainda a questão da mansão de 1,1 milhões de euros que foi adquirido no condomínio de luxo da Quinta Patiño, em Cascais. O imóvel foi escriturad­o em nome de Florêncio Almeida Jr., o do motorista do casal, que entretanto cedeu os direitos de usufruto vitalício à patroa em troca de 200 mil euros. Um negócio cujos contornos os inspetores da Polícia Judiciária (PJ) estão a passar a pente fino, no sentido de apurar a origem do dinheiro, e para que fiquem bem claro que o motorista não foi utilizado como testa de ferro dos patrões na aquisição da casa.

ADVOGADO QUER LIBERTÁ-LA

Para já, na semana em que o tribunal decidiu prolongar por mais três meses a prisão domiciliár­ia de Maria de Jesus Rendeiro, esta fica viúva. Abel Marques, o ex-advogado de João Rendeiro, defende que a mulher do seu antigo cliente se encontra numa situação “indigna e desumana” e pondera avançar com um habeas corpus para pedir a sua libertação.

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Casados durante quase 40 anos, casal ficou separado pela prisão e agora a morte dele.
A mansão de 1,1 milhões de euros no condomínio da Quinta Patiño, em Cascais. Casados durante quase 40 anos, casal ficou separado pela prisão e agora a morte dele.
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