PAPEL (POUCO) PRINCIPAL
1. Dias antes da estreia, na SIC, Daniel Oliveira prometeu mundos e fundos com Papel Principal, a sucessora de Sangue Oculto e protagonizada por Margarida Vila-Nova e Carolina Carvalho, entre outros. “Pode reconciliar muito público que não vê novelas. É cómica, com uma história bem contada. Tem a capacidade de ser um bálsamo de leveza e, ao mesmo tempo, ser sustentada, que toca diversos públicos, do mais novo ao mais velho. Tem cor, plumas, lantejoulas, camarins, os bastidores, teatro. E tem um conjunto de personagens bem criadas. Vimos muito isso na Avenida Brasil.”
Uma semana depois, embora ainda seja cedo para fazer grandes balanços, a verdade é que os números de Papel Principal são cruéis: perdeu sempre para a velhinha e (quase) esgotada Festa É Festa, da TVI, e, pior, não conseguiu superar, um dia que fosse, a barreira dos 750 mil espectadores. O diretor de Programas tem aqui (mais) um problema para resolver, agora que Casados no Paraíso já morreu ao domingo e se mudou, definitivamente, para os diários de segunda a sexta-feira, antes do Jornal da Noite. Para já, com cinco episódio exibidos, a novela parece-me confusa, talvez porque Daniel Oliveira quis fazer dela – e vai fazer – uma série para a Opto (Os Eleitos), uma sitcom (A Casa da Aurora) e ainda uma revista musical que irá percorrer o País. A equação “mais é menos” aplica-se aqui na perfeição, e dar o exemplo de Avenida Brasil, a trama mais genial da Globo, é abusar da nossa inteligência. 2. A SIC comemora 31 anos nesta sexta-feira, dia 6. Merece os meus mais sinceros parabéns pela sua história e percurso, pelos seus profissionais, desde aqueles que apareceram e aparecem no ecrã a todos os outros que trabalharam e trabalham na estação – Emídio Rangel é figura ímpar –, e pelo seu importante papel diário na vida de Portugal e dos portugueses. A vencer a TVI há 56 meses consecutivos – em setembro somou 14,7% de share, contra 14,1% do rival –, é fundamental a estação ter consciência de que, se não inovar e ousar, o sucesso poderá ir por água abaixo, muito em breve.