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O JOGO ACABOU, DANIEL

- O Tal CANAL POR PAULO ABREU CHEFE DE REDAÇÃO

Ponto prévio: Daniel Oliveira mostrou inteligênc­ia ao antecipar o fim de Papel Principal, por muito que possa doer ao elenco – e a si próprio, uma vez que, traído pelo seu ego, na apresentaç­ão, chegou a compará-la a Avenida Brasil, talvez a melhor novela da história da Globo – e por muito que seja um rombo financeiro na SIC. Afinal, a trama estreada em 25 de setembro revelou-se uma tragédia, tanto na qualidade como nos números, ao contrário – insisto – do que vaticinava o diretor de Programas, na véspera do primeiro episódio: “Esta é uma novela que pode reconcilia­r muito público. É cómica, muito bem contada. Tem a capacidade de ser um bálsamo de leveza e, ao mesmo tempo, ser uma história sustentada que toca diversos públicos, do mais novo ao mais velho.” Se, logo após a estreia, escrevi aqui que a história era uma confusão tremenda, com vários erros de casting, hoje, com dois meses de emissão, constato que o tempo acabou por me dar razão. Ou, melhor, os portuguese­s. As audiências estão abaixo dos 500 mil espectador­es, tudo em horário nobre, e a solução de Daniel não podia ser outra – acabar as gravações ainda em dezembro –, depois de tentar reformular, sem sucesso, a trama, de tentar inventar personagen­s e de matar outras, de regravar cenas, de pensar até noutra temporada. Papel Principal é, assim, mais uma mancha no currículo do diretor de Programas, a juntar a outras recentes na SIC – Agricultor, Sangue Oculto, Flor sem Tempo, Os Traidores, Hell’s Kitchen, Casados no Paraíso –, que, apesar de tudo, continua a ganhar, todos os meses, à rival TVI.

A ironia do destino em Papel Principal? A música cantada por Adelaide Ferreira, nos anos 80 do século passado, que serve de banda sonora à novela: A noite acabou; O jogo acabou; Para mim aqui; Quando acordar; Já te esqueci; O filme acabou; O drama acabou, acabou-se a dor; Tu sempre foste um mau ator; Fizeste de herói no papel principal; Mas representa­ste e mentiste-me tão mal; Quem perdeu foste tu, só tu, e nunca eu.

Segue-se Mar Aberto e a coisa parece estar a começar mal...

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