UM TRIO SEM EFEITO
Queria, tal como o refrão da canção, saber quem sou. Como se esse detalhe fosse importante. Não é. A excelentíssima esposa de um prazer escreveu-me. Como não obteve resposta, bateu-me à porta. Desejava participar. É isso aí, como dizem os queridos brasileiros. Mas comigo, e temos pena, pode tirar o cavalo da chuva. Estou fora desse ajuntamento. Para começar a papa, três é número ímpar, o que, automaticamente, quer dizer que um dos intervenientes fica a ver os navios a passar. Logo, deixa de ter interesse. Mas mesmo que a embarcação saísse do cais, não sou do clube que joga com parceiro do sexo feminino. Desculpem, é assim, gosto muito de todos, mas, efetivamente, apenas com senhores. Após vários pedidos, certa vez, fui seduzida, e não convencida, a entrar numa situação que envolvia um trio, contando comigo, como é evidente. Só de ver os dois homens, ali, pendurados, um em posição de infantaria e o outro na retaguarda, deu-me vontade de os pôr a andar. E foram embora, a custo, claro, porque para eles aquilo iria ser uma bela fruta em cima de delicioso bolo recheado de doce de ovos. A esposa do prazer, que é um prazer mediano, do género nunca aprende; vem com a pressa que atrapalha, insistiu e vinha com regras. Disse que seria a sua estreia. Que não deveria ser tão difícil fazer. O marido, esse quase asno, estaria sempre na ação e ela, a própria, nunca poderia ficar atrapalhada, isto é; desocupada. Eu, na boca dela, e salvo seja, serviria apenas de rampa de lançamento dos dados. Inspiraria o casal, dando-lhe razões e baterias para seguirem em frente e atrás. Olha, minha linda, mete as normas no lugar que mais gostares. Arranja outra candidata. Comigo é um de cada vez. Não há pão para malucos. E com intervalos significativos, que isto não é a fórmula 1. Como sempre faço saber, um número superior a duas pessoas parece-me um comício político.
APÓS VÁRIOS PEDIDOS, CERTA VEZ, FUI SEDUZIDA, E NÃO CONVENCIDA, A ENTRAR NUMA SITUAÇÃO QUE ENVOLVIA UM TRIO