VOGUE (Portugal)

Cristina Homem de GOUVEIA

- Por Irina Chitas. Fotografia de Marta Brito.

O ateliê da Ceagagê fica num bairro catita no Poço dos Negros. Lá dentro, o mundo da joalheira é como um Pavilhão Chinês de coisas bonitas.

eças estrategic­amente dispostas em cima de revistas Vogue ou I-D, sapatos Manolo Blahnik ou Jimmy Choo, robes em seda e casacos de pelo (memórias da loja de roupa em segunda mão que teve, em tempos), bolas de espelhos, vinho da Madeira e um sorriso maior. Mas chega de descrições: deixemos que Cristina fale em discurso direto. O que mais veste. São superpeças XL. A minha roupa vai sempre bater ao armário do meu irmão, os meus pullovers eram todos do meu avô, as camisas eram do meu pai ou de ex-namorados, tudo de homem. E sou capaz de usar isto tudo com uns saltões, só um pullover de lã e uns saltos. O produto de beleza. BB Cream. Todos os dias. É impensável, hoje em dia, não o usar. Percebi isso quando fiz 30 anos: já não é maquilhar para ficar melhor, é essencial. À noite, sombra castanha e lápis castanho nos olhos. Nunca usei rímel na vida. O lugar preferido para jantar. Tapadinha da Ajuda comer um bife tártaro e beber um Bloody Mary. Ponto. É um sítio certo, vou lá uma vez por mês, há 12 anos, e nunca falha. Musas. Pois, o que é que isso quer dizer, não é? Se pensar em mulheres que admiro… uma Vivienne Westwood, uma Phoebe Philo, sei lá, milhares. Uma Kate Moss. Uma Patti Smith, óbvio. O melhor sítio para fazer compras. Na Kiliwatch, em Paris. Ou online, na American Apparel que fechou. Tenho imensas coisas de lá. Estas calças são de lá. Já me incendiei nelas e ainda estão aqui. Os sapatos de sempre. As minhas texanas, que já foram ao sapateiro milhares de vezes para serem salvas, mas qualquer dia já estão para além da salvação. É que foi mesmo difícil encontrá-las. Umas texanas com atacadores em que eu não pareça o gato das botas foram uma autêntica busca. O filme para ver vezes sem conta. Trainspott­ing. Mas depois há filmes em que esteticame­nte me passo, como um Christiane F., em que ela anda com um saquinho de plástico. Porque é que eu não ando com um saquinho de plástico? Como é que eu não me lembrei de andar com um saquinho de plástico, em vez de uma carteira? Quer dizer, às vezes ando com os sacos dos capacetes como carteira, porque não consigo escolher uma carteira. Sabes quando está tudo OK e a carteira faz parecer que está tudo forçado? l

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