(R)evolução
mulher que veem aqui é a minha chefe, Vivienne Westwood.” Esta foi a primeira frase de Brigitte Stepputtis nas Fast Talks da Modalisboa. Ouviu-se um riso abafado no público: numa conferência sobre Sustentabilidade na Moda: Porquê e Como?, Brigitte introduziu a única mulher que não precisa de apresentações. Por outro lado, o trabalho de Stepputtis, que está com Westwood desde 1990 e lançou, em 1996, o serviço Vivienne Westood Couture, é mais invisível, embora o produto final seja escrutinado ao pormenor. Os vestidos de passadeira vermelha de Brigitte são sustentáveis até à última costura e andam de braço dado com movimentos como o Green Carpet Challenge lançado, em 2012, por Livia Firth e, mais recentemente, a press tour para a promoção do filme A Bela e o Monstro, em que Emma Watson fez questão de só usar peças green e promover todo o processo numa conta de Instagram. Trabalhar em Couture, e numa que se quer sustentável, significa bastidores, cuidado e tempo – principalmente tempo. É por ele que começamos a conversa com a alemã, minutos depois do aplauso final das conversas que serviram de ponto de partida da Modalisboa Boundless. Sinto-me muito privilegiada por trabalhar em Couture pela arte que entra no processo de criar peças bonitas. Por outro lado, é um grande luxo nos nossos tempos. É muito caro, e nem toda a gente o pode comprar, mas pelo menos é algo que é apreciado e passado de geração em geração ou
vendido a outra pessoa que o aprecie. Revolução, sim,
Brigitte mas talvez seja melhor chamar-lhe “evolução”. Cabe às
Stepputtis. gerações mais novas decidir como é que querem viver. Há muitas pessoas jovens que se recusam a ceder a este modo de viver muito rápido, e estão no seu direito. Preferem ter qualidade de vida a ter dinheiro, e ver a vida passar sem estarem presentes enquanto os seus filhos crescem. Que pequenas revoluções faz todos os dias? Fazemos muitas coisas pequeninas todos os dias. Pergunto a todos os nossos produtores de tecidos sobre a sustentabilidade do seu trabalho e, quanto mais perguntas, mais o processo muda. A indústria mudou muito nos últimos cinco anos, e vai mudar mais. Conheço alguns designers, especialmente na área de Couture, que estão realmente a repensar a forma como fazem as coisas. nosso Red Carpet Green Dress Project: se procurares um tecido green, eles existem, mas são muito poucos. As empresas estão a perceber que há procura e vão cedendo lentamente, mas ainda é demasiado caro e não há muita escolha. Isso tem de mudar. E os consumidores também precisam de ser parte do processo. Têm um grande poder: no minuto em que desembolsam o cartão de crédito, têm uma escolha a fazer.
Não podemos mudar a cor da passadeira, mas podemos mudar a cor da etiqueta dos vestidos que a pisam. É aí que entra Brigitte Stepputtis, a Head of Couture da Vivienne Westwood.
Por Irina Chitas.