VOGUE (Portugal)

VOZES de anjo

- Por Luís Maio.

á mulheres em todos os estilos de música, mas o trovadoris­mo é ainda aquele em que a presença feminina é mais afirmativa, e onde a “questão feminina” é mais bem tratada. Talvez por isso é um género que tem mais prestígio que popularida­de, mas os primeiros meses deste ano revelam uma excelente colheita no capítulo das cantautora­s.

Talento prematuro e algo sobredotad­o da folk britânica, Laura Marling tem apenas 26 anos, mas já vai no sexto longa-duração. Recursos nunca lhe faltaram, mas antes ela ia um pouco a todo o lado, do bonitinho ao experiment­al, daí um trajeto desigual, mas também uma profunda crise íntima (chegou a admitir odiar-se a si mesma). Semper Femina é o disco pós-crise: uma exploração refinada sobre o tema do género, em particular sobre o que é isso de ser e gostar de mulheres, num conjunto de canções que respiram autoconfia­nça, perspicáci­a e sensualida­de. Uma equação única que se condensa na formidável coreografi­a de catsuit e vinil que ilumina o vídeo de Soothing. Semper Femina também é o melhor de Laura porque é o seu disco mais contido e depurado, uma declinação da filosofia less is more que tem tudo a ver com a escolha do produtor Black Mills.

Por coincidênc­ia, ele é igualmente presença marcante na música da california­na Jesca Hoop. Vizinha de Tom Waits em Sonoma, parceira de Sam Beam dos Iron & Wine, com quem lançou um álbum de duetos no ano passado, Jesca vai no quinto álbum em nome próprio. Memories Are Now, gravado em Manchester, Inglaterra, é o epítome da carreira de uma trovadora elétrica indie/alternativ­a, entre Anna Calvi e Fiona Apple (que

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Julie Byrne Linda O’neill

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