VOGUE (Portugal)

SIZE (DOES) MATTER

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“Se há uma coisa que precisa de comprar esta estação, é uma carteira minúscula. Na verdade, quanto mais pequena, melhor.” O headline é de finais de 2019, mas poderia ser de há meia dúzia de dias porque, de facto, há pessoas neste mundo que acreditam piamente que as microbags, também apelidadas de minibags, são a coisa mais espetacula­r a seguir às vendas privadas da Chanel e da Hermès (que, tanto quanto sabemos, não existem). Spoiler: não são. As microbags são uma idiotice pegada — e, sim, afirmar isto é arriscarmo-nos a ser apedrejado­s pelas seguidoras da seita “Jacquemus cor-de-rosa choque onde só cabe um batom, um cartão de crédito e metade das chaves de casa”, mas é o que é. Espaço para o telefone?

Vai na mão. Um cantinho para os cigarros? Vão na outra mão. E o pequeno, ultraleve, e compacto blush, sem o qual não vivemos? E aquele porta-moedas, quase invisível, onde escondemos o fio dentário, ou os preservati­vos, ou o tampão? E o isqueiro, e os lenços de papel, e o BI, e a barra de cereais para se nos der uma quebra de tensão? Ficam (todos) em casa. As portadoras de uma carteira de dois centímetro­s de largura por quatro de compriment­o vão ter de fazer escolhas.

E a escolha, normalment­e, é andar de um lado para o outro com uma peça “de marca” que nunca fica abaixo dos 400€ e onde só cabe uma coisa: a falta de noção. Atenção, Simon Porte Jacquemus (grande culpado por disseminar esta tendência, com a Le Chiquito, parte da coleção primavera/verão 2018 da sua marca): és lindo de morrer, adoramos-te, só que neste caso não dá para engolir. Não és tu, somos nós.

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Uma das versões da Le Chiquito, de Jacquemus.

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