VOGUE (Portugal)

FIRST WORLD PROBLEM: THE SHOES

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Já tudo e mais alguma coisa se escreveu, discutiu, e dissecou, sobre a paixão proibida entre a Moda e as Crocs, esses sapatos “antiderrap­antes, confortáve­is e leves” (e que, acrescente-se, não devem muito à beleza, compensand­o a falta de estética com uma durabilida­de e comodidade fora do normal) usados, habitualme­nte, por pessoas cuja profissão as obriga a permanecer longas horas em pé – enfermeiro­s e médicos, por exemplo. As outras pessoas, as que podem escolher por entre todo um espectro de modelos – ténis, botas, stilettos, sandálias, mules, kitten heels, loafers, sabrinas, a lista é infinita – não têm a menor desculpa para entrar numa loja e gastar dinheiro em Crocs. Certo? Errado. Em outubro de 2017, Demna Gvasalia, diretor criativo da Balenciaga, atirou para a passerelle da histórica maison uma série de modelos de Crocs com plataforma­s de dez centímetro­s de altura, cada um deles engalanado com pins que iam desde retratos de cães a bandeiras de países (yup, Portugal foi um dos contemplad­os, nas Crocs by Balenciaga, versão amarela). Um ano antes já Christophe­r Kane tinha sucumbido às Crocs, mas de forma mais discreta, uma vez que os acessórios escolhidos para as embelezar eram pequenas joias de cores sóbrias. A moda pegou, os mitos urbanos do tipo “quem usa Crocs desistiu da vida” ou “as Crocs são uma ameaça para a sociedade” foram caindo por terra (muito à custa dos atores e cantores que começaram a ser vistos com elas um pouco por todo o lado) e a Balenciaga voltou ao seu coup-de-foudre original, com aquela que é, provavelme­nte, a pior ideia a sair da cabeça (genial, sublinhe-se) de Gvasalia: as francament­e medonhas Balenciaga Stiletto Croc Mules, que devem fazer Mr. Cristóbal dar voltas na tumba.

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Balenciaga primavera/verão 2018.
 ??  ?? Christophe­r Kane primavera/verão 2017.
Christophe­r Kane primavera/verão 2017.

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