VOGUE (Portugal)

Salad dressing.

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Provámos que a linha da Calzedonia é para todos os gostos.

Há quem diga que os meses sem “r” são aqueles em que se pode comer sardinhas. No meu caso, são aqueles em que descubro se sou uma pera ou uma maçã, na hora de escolher um biquíni. Ainda faz sentido pensar na renovação do guarda-roupa de swimwear como um roteiro gastronómi­co?

Não, e o nonsense da coisa parece já ser ponto assente em meandros sociais. Acredito ser seguro afirmar que chegámos a 2021 a poder dizer que colocar as mulheres numa salada de fruta no que diz respeito a tipos de corpo é “so last season.”

A verdade é que já muito se escreveu sobre o quão absurdo é categoriza­r as mulheres em figuras redutoras, seja de que tipo for – das alimentare­s às geométrica­s. Até porque, por norma, a comparação é sempre para apontar caracterís­ticas eventualme­nte percebidas como “falhas” – um corpo maçã assim o é porque terá uma cintura avantajada, a pera sugere uma anca generosa, a banana sugere a ausência de curvas e as frutas nunca fizeram mal a ninguém para agora sofrerem de tão cruel analogia. Pelo contrário: qualquer médico lhe dirá que o consumo de fruta diária de forma equilibrad­a é fulcral para manter um corpo e peso saudáveis – aquele que é o ideal para estar preparado para o verão. Ou seja, o corpo que é seu, seja que linhas tiver. O resto, isto é, no que diz respeito a formato de

swimwear que melhor assenta, é outro assunto: aqui, sim, podemos ir buscar à cozinha a comparação, porque na hora de escolher um fato de banho, tal como na fruta, é tudo uma questão de gosto. Eu sou uma pessoa que adora melancia e cuecas de cintura subida; a leitora poderá preferir um bom kiwi e um soutien triangular. E o que importa é que há diversas opções para espelhar o estilo – e não um formato de corpo que a sociedade dita como standard – que melhor a descreve.

Também aqui é possível primar pelo sentido: renovar o guarda-roupa para substituir as peças que já não lhe servem ou que servem melhor a reciclagem faz mais sentido quando feito em, e com, consciênci­a. O absurdo é não saber, nos dias que correm, que há opções no mercado que, além de fazerem a renovação ponderada do vestuário, ainda renovam o meio ambiente. A Calzedonia é um desses exemplos: a marca italiana acaba de lançar uma coleção sustentáve­l que toca nos (eco)pontos certos. Para o verão de 2021, a casa junta-se à atriz Jessica Athayde para apresentar Indonésia, uma linha criada com um tecido feito a partir de garrafas de plástico PET recicladas. Este material amigo do ambiente tem ainda um toque mais suave que os usuais do vestuário de banho e promete também maior conforto, maior elasticida­de e uma secagem mais rápida – o que parece um preciosism­o, se não for daquelas pessoas que não suporta sair da praia com o fato de banho molhado e acaba sempre por levar um extra como “muda de roupa” no final do dia balnear. Mas se este não for o pormenor que mais a atrai, outros serão: vale a pena perceber porque é que não é um absurdo ter em atenção tudo o resto, isto é, porque é que faz (mais, cada vez mais) todo o sentido prestar atenção ao processo e não só ao design do produto final (que, diga-se de passagem, aqui também fecha negócio). Para criar um fato de banho desta gama ECO são reaproveit­adas sete garrafas de plástico de meio litro, enquanto que para um biquíni o número é de cinco garrafas – ou seja, se usar um biquíni e ao final do dia trocar pelo fato de banho para sair da praia, poupou aos oceanos, ao solo terrestre, enfim, ao mundo, o desperdíci­o de 12 embalagens de plástico. E isto é só o começo: a Calzedonia também substituiu o plástico nas etiquetas, que são agora bordadas, com um tecido thermo-perfurado e em relevo, na parte de trás das peças. E, para garantir a transparên­cia e a informação da iniciativa, a etiqueta em cartão reciclado que acompanha o swimwear tem um QR Code que conta tudo.

Esta estreia da Calzedonia representa um passo não só bonito, como forte, para a marca, em prol daquilo que não é apenas uma moda passageira, mas antes uma exigência dos tempos modernos:

“Esta é provavelme­nte uma das campanhas que mais tem a ver comigo”, comenta Athayde sobre esta novidade, cuja campanha foi fotografad­a na Reserva do Alecrim, em Portugal. “Juntar biquínis e fatos-de-banho lindos e saber que foram feitos de material reciclado, é provar que podemos sim avançar para soluções ecológicas que não compromete­m o seu resultado. Prova disso são estes modelos que nos chegam em quatro cores lindas!” As quatro desta Indonésia Eco são o quarteto que faz o paralelism­o com a ilha preferida de Jessica: o vermelho brilhante em representa­ção dos corais, o castanho para as montanhas vulcânicas, o verde menta para as florestas tropicais e o azul para as águas idílicas de Bali. A escolha cromática é também apenas a ponta do icebergue num 360º que sela o sentido de uma linha que se compra não só pela sustentabi­lidade, mas também pelo design e pelo formato – e pela versatilid­ade e hipótese de escolha: 13 partes de cima e 14 partes de baixo distintas, todas conjugávei­s entre si, permitem uma renovação de guarda-roupa que é também sustentáve­l pelos múltiplos usos de cada biquíni e fato de banho que adquirir. Um rol de possibilid­ades (entre o desenho e as cores, dá 182 looks diferentes, fyi), que traz também opções novas para esta linha Indonésia: por exemplo, o modelo Cinzia (top não almofadado, sem aros) e o modelo Teresa

(um push-up com copas alongadas, ligeiramen­te almofadada­s e removíveis) estreiam-se nas novas tipologias de parte de cima e, para coordenar, há novidades também em modelos de slip brasileiro de cintura subida (estilo anos 80) e ainda um novo slip de biquíni com um corte em V na cintura. Esta escolha toda parece muita fruta? Não é: é possível ser-se sustentáve­l sem sacrificar o estilo. E é possível escolher peças que reflitam a nossa personalid­ade e que não incluam rótulos com descrições nutriciona­is. Se acabou de ler este texto confiante que não é nem uma maçã, nem uma pera, nem uma banana, e é apenas um corpo feminino – aquele que é o seu, aquele que está bikini ready simplesmen­te porque existe – então o nosso discurso já foi mais que frutífero. Atenciosam­ente, uma pera com ambições além-cuisine.

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 ??  ?? 1. Fato de banho, € 39. 2. Top cai-cai almofadado, € 20, e cuecas slip, € 15.
3. Top triangular, € 30, e tanga, € 15. 4. Top triangular almofadado, € 30, e cuecas slip, € 15. Tudo da linha Indonesia Eco, em poliéster reciclado, Calzedonia.
1. Fato de banho, € 39. 2. Top cai-cai almofadado, € 20, e cuecas slip, € 15. 3. Top triangular, € 30, e tanga, € 15. 4. Top triangular almofadado, € 30, e cuecas slip, € 15. Tudo da linha Indonesia Eco, em poliéster reciclado, Calzedonia.

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