Publicidade e bom senso.
E pensar que alguns destes anúncios foram um sucesso... Por Diego Armés.
O que seria de nós sem reclames, cartazes e anúncios em geral? O que seria da nossa vida sem a publicidade a desafiar-nos, a provocar-nos e a seduzir-nos? Teríamos existências mais insossas, certamente. Porque, como diz o chavão, até a má publicidade é boa publicidade. Quer dizer, às vezes. Outras vezes, é mesmo só má.
Omundo da publicidade é todo um universo criativo que faz a ponte entre o produto e o público alvo. Essa ponte de comunicação assenta os seus pilares – agora que começámos com esta analogia, o melhor é stick to it – numa complexa conjuntura, que inclui as ideias vigentes numa determinada época, ao mesmo tempo que as reflete, umas vezes amplificando-as, outras vezes contestando-as. A maneira como cada marca posiciona o seu discurso na publicidade, ou seja, a forma como se dirige e constrói a imagem pública, depende da forma como interpreta a tal conjuntura: a sua contemporaneidade, os seus costumes, as suas necessidades, os seus estereótipos. Cada época terá os seus defeitos e as suas virtudes e, por isso mesmo, será capaz de produzir as maiores alarvidades, bem como as melhores tiradas de génio. Claro, se recuarmos até determinadas épocas, as alarvidades surgem com mais frequência do que as tiradas de génio. Nos anos 40 e 50 do século XX, por exemplo, o machismo não só vigorava como quase parecia ser doutrina obrigatória. Hoje, sem esse contexto, muitos anúncios dessa era – e de outras, também – caem sob o peso da estupidez que conservam. Já outros, dessas e de outras épocas, conseguem brilhar brincando com o absurdo e com o que é surpreendente, sem terem medo de arriscar, quer seja assumindo a palermice ou aceitando e convivendo bem com a possibilidade de serem mal-entendidos. Os anúncios que se seguem mostram exemplos de alguns desses casos. Uns são engraçados, outros são surreais. E há ainda aqueles que são só estúpidos. No mau sentido. ●