No coração da natureza.
Dois hotéis onde se vai querer perder.
O escritor Henry James dizia que “summer afternoon” (à letra, “tarde de verão”) eram as duas palavras mais bonitas da língua inglesa. Seguindo-lheoraciocínio,fomosveropôr-do-solemdoisdosmaisencantadores hotéis de Portugal: um a norte, outro a sul. O que têm em comum? Uma paz que não se encontra em mais nenhum lugar do mundo.
Aimprensa, nacional e internacional, define São Lourenço do
Barrocal como um monte alentejano de cinco estrelas. Mas depois de três dias neste lugar mágico, que mistura, como poucos, o luxo despretensioso e a simplicidade do campo, a Vogue arrisca dizer que este hotel rural é muito mais do que isso: é uma espécie de retiro espiritual. Situado no interior do Alentejo, onde o silêncio impera e o tempo para, esta herdade de 780 hectares, com 200 anos de história, tem como filosofia a preservação da natureza. Escrito assim parece um cliché, mas no Barrocal nada é banal ou corriqueiro. Existe, em cada recanto, um sentido de pertença, ou não fossem os atuais donos (ou devíamos dizer “curadores”?) deste hotel a oitava geração de uma família que aqui decidiu erguer uma aldeia agrícola. A cinco minutos de Monsaraz, a inconfundível vila medieval banhada pelo Alquelva, o Barrocal é tudo o que se podia esperar de um sonho tornado realidade. Acima de tudo pela paz que emana assim que nos aproximamos da longa calçada de pedra que se ergue perante nós, rasgando o horizonte, como um convite à fantasia e ao encantamento. As formalidades ficam longe. Aqui trocam-se os automóveis por caminhadas em trilhos infinitos ou passeios de bicicleta, que se misturam com mesas e cadeiras de esplanada, dispostas aleatoriamente em frente àquilo a que nos habituámos a chamar “receção.” Uma vez que a configuração dos edifícios se mantém mais ou menos a mesma desde há dois séculos, tirando a magnífica intervenção do arquiteto Eduardo Souto Moura, que se sente principalmente na adega, na horta biológica e na zona da piscina, atravessada por uma rocha (chamada, precisamente, barrocal, e que se encontra em vários pontos da propriedade), não é de estranhar que “a base” deste hotel sejam longas casas de portas azuis, que permitiram criar quartos e suites espaçosas e algumas casas familiares. Mas tudo isto é informação que é possível recolher na Internet. O que é impossível relatar, porque implica o contacto direto com o cheiro dos das vinhas, dos olivais, das flores, dos cavalos, das árvores centenárias, e de tudo o que por aqui respira, e cria, vida, é a sensação de pureza e de autenticidade. Tornou-se um hábito repetir que “menos é mais”, contudo, por aqui, esse parece ser o lema subjacente a cada detalhe. O conceito farm to table abraça o melhor da cozinha alentejana e é a base da ementa de todos os bares e restaurantes (recomenda-se um jantar ao pôr-do-sol na esplanada do São Lourenço do Barrocal, onde as trepadeiras ganham contornos de fadas assim que vamos desbravando a ementa, entre um “Vira-vira da nossa vitela com migas de espargos”, um “Lombo de bacalhau no forno com batatas e pimentos”, ou um "Chouriço de porco preto alentejano assado em Medronho”). No Susanne Kaufmann Spa, um lugar dedicado à beleza, à serenidade e ao conforto holístico, é possível experimentar uma série de massagens, tratamentos e produtos, todos tendo a cosmética orgânica como génese, todos eles adaptados às necessidades do rosto e do corpo. Nota de rodapé: Susanne Kaufmann é uma guru do beauty world, por isso é um privilégio poder usufruir das suas invenções. A não perder, porque a vida são dois dias e nunca sabemos quando voltamos aos lugares onde somos felizes: uma prova de vinhos (sujeita a marcação prévia, mas o que é que isso importa quando o Branco é tão bom ou melhor que o Tinto?), um piquenique no meio do nada (é precisamente isso que está a pensar) e uma noite de observação das estrelas (o universo, diz-se, é infinito, mas há astrónomos que nos podem ensinar a encontrar a Estrela Polar e que nos sabem explicar porque é que há planetas que duram mais que outros). Saiba mais em www.barrocal.pt ou através do telefone 266247140.
Éimpossível fazer a viagem Lisboa-Lamego sem pensar, ainda que inocentemente, que vamos provar o melhor Porto do mundo. Ok, talvez a nossa mente não se concentre apenas nisso, já que o Six Senses Douro Valley, situado numa imponente colina e rodeado de montanhas cobertas de vinhas que se estendem até ao rio Douro, é conhecido por ser um dos hotéis mais charmosos do planeta - um hotel digno de postal, daqueles que não é preciso ver para crer. Para isso muito contribui o edifício que o acolhe, uma antiga casa senhorial do século XIX, totalmente renovada, em que os jardins e a vastíssima floresta (onde o ar que se respira é mais puro que qualquer outro ar e onde as caminhadas, mesmo as que seguem trilhos mais difíceis, se transformam em passeios que jamais esqueceremos) se confundem com a paisagem envolvente. O luxo, aqui, é imperial: dos quartos e suites de janelas rasgadas ao impressionante Spa, composto por dez salas de tratamento, um fitness
center, um estúdio de yoga, um nail bar (quem é que nunca imaginou em beber vinho orgânico enquanto arranja as unhas?) um alchemy bar
(onde pode fazer os seus produtos de beleza) e uma piscina interior onde consegue ouvir música... debaixo de água. O que fazer no Six Senses? Tudo ou nada. Passamos a explicar: entre as dezenas de experiências possíveis, como visitas guiadas às quintas vinícolas da zona, passeios de barco, aulas de cozinha, tours de helicóptero ou workshops de azulejos, o complicado é escolher. Por isso há quem prefira passar os dias na magnífica piscina, rodeada de palmeiras, a aproveitar o sol (no verão as temperaturas ultrapassam os 30 graus) e a contemplar o silêncio - não há o mais pequeno barulho, a não ser o zumbido das abelhas, que nos recordam que estamos no coração da natureza - à espera da hora do almoço, do lanche, ou do jantar, tudo ótimas desculpas para experimentar a gastronomia da região. Muitos dos produtos que compõem a ementa dos diferentes bares e restaurantes (o Vale Abraão é da responsabilidade do chef Josper Grill, que prepara um menu de degustação informal que tem tanto de saboroso como de inesquecível) são provenientes das hortas do Six Senses e da região do Douro, assegurando o compromisso com a sustentabilidade a que o hotel se propôs. Não nos esqueçamos que o cenário, que de quando em vez faz lembrar um filme, é património mundial da UNESCO, daí que exista uma preocupação em manter o meio-ambiente tal como ele é - único, verde, vivo. E o Porto, pergunta o leitor que aqui chegou? Bom, na verdade a expressão correta deveria ser “os Portos.” Seria estranho que, em pleno Douro, nos deparássemos com apenas um tipo de
Porto, certo? Isso não acontece, e as opções são tantas quantas as castas disponíveis ao palato do visitante mais exigente. Feche os olhos e imagine os melhores vinhos do mundo ao seu dispor. Parece um sonho, certo? Aqui é possível. Saiba mais em www.sixsenses.com/ pt/resorts/douro-valley ou através do telefone 254660600.