VOGUE (Portugal)

O refúgio das estrelas

- Por Vogue Portugal.

Há, na Pérola do Atlântico, um hotel que é um paraíso mais que centenário. O Reid’s Palace, que foi escolha de imperatriz­es e albergue de vencedores do Nobel da Literatura – tanto dos que o aceitaram (Winston Churchill) como dos que o recusaram (George Bernard Shaw) – é aquele lugar a que queremos regressar. Urgentemen­te.

Só presencian­do, só estando lá no alto do sítio a que chamavam Salto do Cavalo, é que se pode perceber a real dimensão e a verdadeira beleza do lugar – uma vista que se perde Atlântico afora ou Funchal adentro, vasta, colossal; jardins, as várias piscinas e, claro, o próprio hotel, um sumptuoso conjunto de edifícios que tem vindo a ser acrescenta­do e modernizad­o ao longo dos seus mais de 130 anos de existência. Quando nos dizem que o Reid’s Palace foi refúgio de várias figuras de relevo e de renome ao longo do seu mais de um século de vida, não somos afetados por qualquer tipo de surpresa. Pelo contrário: olhamos em redor e concluímos “claro que sim.” Não seria de esperar outra coisa. A história e a tradição do Reid’s Palace começam, na verdade, há mais de 200 anos, quando, em 1822 nasce, numa quinta na Escócia, William Reid, mentor e ideólogo do grande projeto, que as agruras da vida levaram – é verdade, foi a sua saúde frágil que o levou a procurar melhores condições – até à Madeira, quando tinha apenas 14 anos. Depois de uma década de trabalho, na Madeira, o jovem William Reid entrou no seu período próspero em 1847, aos 25 anos, quando se casou com Margaret Dewey. O casal, compreende­ndo o potencial da ilha enquanto destino preferenci­al da aristocrac­ia (sobretudo a britânica), não demorou a ter negócios próprios e célebres, como a Quinta das Fontes, que rebatizara­m como Royal Edinburgh Hotel, com a bênção de Sua Alteza Real, o Duque de Edimburgo, filho da Rainha Victoria. Este foi o primeiro hotel da família Reid. Depois do sucesso daquela, William e Margaret lançaram-se a novos projetos. Foi então que compraram a célebre falésia rochosa do Salto do Cavalo, onde a construção do hotel começou em 1887. William Reid viria a falecer no ano seguinte, sem ver concluído o projeto. Projetado pelos arquitetos J.T. Mickelthwa­ite e George Sommers Clarke (que desenhou também o conhecido Shepherd’s Hotel, no Cairo), o hotel original ficou pronto em 1890, mas só

abriu as portas um ano mais tarde, a 1 de novembro de 1891. Na altura, o Reid’s era conhecido informalme­nte como “o novo hotel do Reid.” Ficou na família até 1925, ano em que foi vendido a uma família inglesa, os Blandy, que foram donos do hotel durante mais de 60 anos. Em 1996, o hotel foi adquirido pelo grupo Orient-Express Hotels, entretanto designados Belmont Hotels. A empresa que relançou o emblemátic­o comboio Venice-Simplon-Orient-Express gere também uma coleção de hotéis de luxo que se espalha por todo o mundo. Depois de comprado pelo grupo, o nome do hotel voltou a ser aquele que o designava no início: Reid’s Palace.

Este hotel mais que centenário apresenta algumas novidades, nomeadamen­te quanto à gastronomi­a. Por exemplo, em maio, o jovem (mas já com uma vasta experiênci­a que o levou do Extremo Oriente à América do Sul) chef José Diogo Costa trocou a Azores Wine Company pelo cargo de Creative Executive Chef do Reid’s Palace, tornando-se o responsáve­l máximo do hotel. Isso significa que é da sua responsabi­lidade a supervisão dos diversos espaços e menus que compõem o complexo, a começar pelo William Restaurant. Começamos pelo William porque se trata do mais emblemátic­o dos restaurant­es do Reid’s. Batizado, tal como o hotel, em honra do fundador, o William é um restaurant­e de luxo que ostenta orgulhoso uma estrela Michellin. Uma epopeia de sabores e não só, o William Restaurant alimenta, e alimenta-se, da Madeira. Se, no prato, os

 ?? ??
 ?? ??
 ?? ?? Em cima: Winston Churchill e a mulher, Clementine, em 1950. Em baixo: O Reid's Palace no início do século XX.
Em cima: Winston Churchill e a mulher, Clementine, em 1950. Em baixo: O Reid's Palace no início do século XX.
 ?? ??
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal