Guidecca
Também gizadas pelo arquiteto Palladio foram as igrejas de Zitelle e do Redentore, que dominam a fachada urbana da vizinha Guidecca. Cadeia de ilhas primeiramente conhecidas como Spina Longa, dada a sua forma estreita e comprida, já foi de tudo um pouco, desde gueto judeu a parque industrial, passando por estância balnear chique. Agora «a Guidecca é a última ilha onde os venezianos autênticos vivem, em contraste com uma acelerada desertificação e turistificação da ilha central». As palavras são de Nuno Grande, comissário do pavilhão português da atual Bienal de Arquitetura (até final de novembro). A Guidecca conserva boa parte do património industrial e uma população de rendas económicas com quem se têm vindo a misturar estudantes, artistas e start-ups. Daí o clima de autenticidade e convivência, já raros noutros quadrantes de Veneza, mas que aqui persiste e ganha especial expressão durante as festas do Redentor. Criadas para assinalar o fim da epidemia da peste, em 1576, realizam-se agora no terceiro fim de semana de julho em torno da igreja homónima e incluem uma procissão num pontão de madeira lançado desde Veneza, uma caótica concentração de barcos no canal e um fogo-de-artifício capaz de iluminar cidade e arredores. Vem muita gente de fora, mas as festas do Redentor são sobretudo uma celebração de quem lá vive, que faz questão de abrir portas, montar mesas, comer fritos e dançar na rua até de madrugada.