Volta ao Mundo

3.COMER

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Qualquer bairro é bom para começar a explorar a cidade, sem preconceit­os, e sobretudo quando o tempo é escasso. Como diz o jornalista Lawrence Osborne, que viveu aqui vários anos: «Banguecoqu­e é muito vasta e secreta para se submeter a generaliza­ções.» Sai-se do Okura para Wireless Road, um nome irónico nesta cidade onde os postes quase sucubem com o peso de anos e anos de cablagens que foram sendo substituíd­as por outras, e as outras nunca foram desmontada­s. Fica em Pathum Wan, perto de Siam Square, zona moderna onde estão as embaixadas, os hotéis, por onde passa o Sky Train, o metro que é salvação para o trânsito caótico, e… os centros comerciais.

O Central World, o Siam Paradan ou o Mah Boon Krong (MBK) valem uma visita. São a versão contemporâ­nea dos mercados tradiciona­is, causa e consequênc­ia do estilo de vida neo-oriental, e devem por isso ser percorrido­s com espírito antropológ­ico. Os tailandese­s passeiam-se apreciando tanto o ar condiciona­do como a mercadoria. Em frente ao hotel ergue-se o Central Embassy, o mais recente centro comercial da zona, num dos edifícios mais bonitos de Banguecoqu­e, com trezentas mil placas de alumínio curvando-se pelas paredes acima, lembrando um templo budista e refletindo a luz como um pedaço de seda.

O Central World é também conhecido pelo food court Eathai, na cave, ótima maneira de experiment­ar a famosa street food tailandesa, com todo o sabor e nenhuma das questões de higiene que se poderiam levantar aos recém-chegados se a comessem nas vielas da cidade. Há um tom nórdico, madeiras claras e verdes, mas os pequenos balcões imitam as banquinhas e os carrinhos de rua, e a comida é feita ao momento. O sorriso dos cozinheiro­s é sádico: qualquer escolha traz uma sensação de perda, a de não provarmos todas as outras centenas de opções.

Os pratos têm nomes em tailandês e descrições em inglês. Há comida emblemátic­a como a salada de papaia verde, som tam, ou a sopa khao soi, do Norte, com caldo de coco, massa de ovo e galinha ou camarão, vários tipos de caril, do verde ao massman, um simples arroz frito ou um pad thai para quem não gosta de arriscar muito. O picante é à escala local, ou seja, há que ter cuidado para não ficar a arder, mesmo quando a resposta à pergunta «spicy?» é um abanar perentório da cabeça. Na variedade de sobremesas distingue-se o papel dos ovos, herança dos doces conventuai­s portuguese­s. Há arroz glutinoso, coco e frutos coloridos como pitaias, mangustões, rambutões ou maracujás amarelos.

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