Volta ao Mundo

5.DESCANSAR

- A JORNALISTA VIAJOU A CONVITE DA AUTORIDADE DE TURISMO DA TAILÂNDIA COM O APOIO DE DESTINATIO­N ASIA.

E se o luxo fosse uma casa de banho ao ar livre, toda mesmo, numa varanda de madeira a dar para a floresta tropical? O biólogo holandês Martijn van Berlo pisca o olho e confidenci­a que, por causa da proximidad­e com a natureza, alguns hóspedes já saíram do hotel Soneva Kiri na ilha de Kho Kood, logo depois da primeira noite… «Não aguentam», diz. Parece plausível – citadinos como os que tipicament­e têm dinheiro para pagar hotéis destes não estão habituadas a cruzar-se com uma cobra no caminho para casa. Mesmo que uma cobra inofensiva – garante o biólogo que não há animais perigosos na ilha: «Os macacos, poucos, que restam, fogem das pessoas porque têm medo.»

Mas seria bastante estúpido largar assim este lugar a que acabámos de chegar, o segundo poiso da viagem organizada pelo Turismo da Tailândia. Kho Kood está sempre nas listas dos segredos das ilhas tailandesa­s. Fica longe da capital, na província de Trat, já na costa do Camboja. E se o Soneva é considerad­o um dos melhores hotéis da Tailândia, também é pela atenção que presta às questões ambientais – no qual se enquadra o facto de ter um «biólogo residente», o Martinjn e casas de banho abertas para a floresta tropical – as villas foram construída­s em palafitas para afetarem o mínimo possível o solo – por vezes uma árvore entrou por uma casa dentro para não ser arrancada. As palhinhas são de papel, há tratamento biológico das águas, uma quinta própria e vai-se para a praia num barquinho porque construir uma estrada seria muito agressivo para a floresta tropical onde está instalado o resort.

A vida aqui, no Soneva Kiri, está organizada para que alguém que vive num agitado quotidiano obtenha os benefícios – para o corpo e para a alma – de ter estado numa ilha deserta, tendo estado o mais longe disso possível. A nossa assistente pessoal, a

Amp, explica que aqui estes mordomos são chamados precisamen­te Mr. ou Mrs. Friday porque o fundador deste hotel (e da cadeia Six Senses), o anglo-indiano Sonu Shivdasani, tem no romance de Daniel Defoe, Robinson Crusoe, uma das suas principais inspiraçõe­s.

Vê-se pouca gente entre as villas – conjuntos de casas de madeira com todos os confortos –, todas viradas para o mar e sem vista umas para as outras. Nos caminhos cruzamo-nos com buggies esporádico­s de outros hóspedes. Às refeições estamos a uma distância razoável, na sala feita de vários níveis de plataforma­s de madeira, aberta para a ilha em frente. E há mordomias que convidam à reclusão: a nossa pequena aldeia privativa, com três villas, uma sala de jogos e um ginásio, tem duas piscinas – uma delas com um escorrega privativo do quarto de cima, várias daybeds e espreguiça­deiras… Tudo o que precisemos basta pedir à nossa assistente pessoal, que aparece para perguntar se está tudo bem ou para mandar buscar um livro que deixámos na praia.

Se quisermos nem saímos daqui. E a tentação é grande. Mas isso seria perder as praias turquesa que se fazem invejar no Instagram. Há um spa Six Senses à nossa espera, aulas de yoga e pilates, meditação. E o pequeno-almoço, feito para o mais esquisito dos estômagos new age – com águas e leites variados, cereais integrais e frutos coloridos, muitos shots de erva – ou para o mais guloso – com panquecas e ovos benedict feitos ao momento, além dos vários dumplings e noodles. Tudo coisas capazes de transforma­r qualquer pessoa num ser diferente. Ou alguém que alegava não gostar do estilo de vida de resort numa princesa das mordomias.

Se quisermos nem saímos da villa.

E a tentação é grande. Mas perderíamo­s a praia e o mar turquesa de fazer inveja no Instagram.

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