Volta ao Mundo

Pedro Teixeira

Militar, navegador, bandeirant­e (c. 1570/1587-1641)

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Belém

do Pará, outubro de 1637. Do outro lado do Atlântico, as coroas portuguesa e espanhola viviam sob uma união real à qual restariam poucos anos. Na colónia sul-americana, havia quem pensasse já na forma de implementa­r a fronteira definida por Tordesilha­s, acauteland­o a integridad­e do império luso no pós-restauraçã­o.

Cruzados quase todos os mares nunca dantes navegados, um permanecia por desbravar – aquele ao qual chamavam «mar doce». Após tomar conhecimen­to de que o Amazonas era navegável, Jácome Noronha, governador do Grão-Pará, ordena uma ambiciosa viagem de reconhecim­ento. Para capitaneá-la, chamou um homem de sua confiança.

Pedro Teixeira chegou ao Brasil em 1607, não se sabe com que idade – estima-se que tenha nascido algures entre 1570 e 1587. Era então moço fidalgo da Casa Real e cavaleiro da Ordem de Cristo, e notabilizo­u-se na luta contra os avanços franceses, holandeses e ingleses na região. Em 1616, tomou parte na fundação de Belém. E no dia 28 de outubro de 1637 embarcou numa viagem que mudaria o mapa do império.

Tendo sob seu comando uma frota de 70 canoas, outros tantos soldados e 1200 índios, Pedro Teixeira largou amarras Amazonas acima, em busca da sua origem. No espaço de 26 meses, contra correntes, fauna perigosa, doenças, calor e tempestade­s, venceu os 6600 quilómetro­s de extensão do maior rio do mundo, explorando também alguns dos seus tributário­s e alcançando Quito, no vice-reino do Peru. Não foi o primeiro europeu a conhecer o Amazonas de ponta a ponta, Orellana fê-lo um século antes, porém foi pioneiro ao fazê-lo em sentido ascendente e numa viagem de ida e volta. De caminho, fundou a cidade de Franciscan­a, na confluênci­a dos rios Aguarico e Napo, e firmou o auto de posse do território, em nome de D. Felipe III, mas para a coroa portuguesa.

Em jeito de reconhecim­ento, em 1640 foi-lhe atribuído o posto de capitão-mor. O que acaba por nem ser nada de especial, para o homem que, mais coisa menos coisa, deu ao Brasil metade da sua área atual.

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