O país das viagens Estradas sem fim, estados sem fronteiras, liberdade e gente com histórias.
AMÉRICA, AMÉRICA
Todos temos os nossos vícios. O meu é partir estrada fora pela América. Chamo-lhe assim, América, e não o burocrático Estados Unidos da. América soa extamente àquilo que quero dizer, a caminho que é um sonho, uma história.
Isto, na América, quer dizer várias coisas. Há o próprio caminho. Longo, como pede um grande país sem fronteiras. Hei de sempre lembrar-me de percorrer, com música americana escolhida por década nas estações digitais de rádio, estradas como a californiana Pacific Coast Highway – que ladeia o mar entre escarpas e praias doces – ou como a New Jersey Turnpike, que fervilha do trânsito suburbano a chegar a Nova Iorque, ou mesmo a estreita e íngreme Estrada 25 E que bordeja os Apalaches, entre o Kentucky e o Tennessee.
Depois há a certeza de que qualquer lugar em que paremos, um motel de estrada, uma cidade ou uma estação de serviço, nos vai parecer tão famliar que estaremos a viver um dos nossos sonhos. Não é dos filmes nem é dos livros. É da realidade da América, o país mais narrativo do mundo. Em qualquer desses lugares há de sempre haver uma história à nossa espera. Seja uma tarte de abóbora especial ou um velho conservador.
A tudo isto acresce a segurança – a geral e a das estradas, com afáveis, por vezes até pacholas, condutores. E o segredo atrás disto tudo, o de ser um país onde toda a gente fala a mesma língua, ainda que com sotaques diferentes, e a mesma linguagem: a da liberdade e do indivíduo. Quando cada pessoa se julga digna de ser personagem da sua vida, essa vida será certamente interessante. Para ela e para os outros.