Mac, redneck
Antes de colocarmos as malas no quarto, Kandera explica-nos que a propriedade tem mais de seiscentos hectares e que há uma série de atividades disponíveis, desde passeios a cavalo, tiro com arco, passeios de jipe e até a possibilidade de alimentar os animais, «mas agora não, que está demasiado quente. Mas se forem dar uma volta encontrarão alguma coisa, com certeza». Encontramos. Numa road trip encontra-se sempre, mesmo que nem sempre seja aquilo que se procura. Sobretudo quando se está perdido.
«Olá rapazes, isto é propriedade privada. Estão à procura de alguém?», pergunta-nos um homem na casa dos 50 anos escondido debaixo de um boné. É uma espécie de Matthew McConaughey versão VHS. Tem um sotaque cerrado, bigode branco, corpo de quem corta lenha com os dentes e conduz um camião TIR só com uma mão, mas não parece ser texano. Cospe. Cospe constantemente. «Posso oferecer-vos uma cerveja?», atira, antes de termos tido tempo para nos desculparmos. Há apenas três ou quatro casas de madeira e uma cabana que julgávamos ser um bar junto ao rio, por isso parámos. «Não são os primeiros a enganar-se no caminho e a pensar que isto ainda faz parte do rancho», conta. «Deviam ter metido à esquerda. Ainda o mês passado aconteceu o mesmo a um casal de suecos. Eles quase não falavam inglês, pelo menos eu não percebia nada do que eles diziam, mas bebemos umas cervejas.» É um bar, na verdade, o bar do Mac, Macs Bar, por isso só abre quando ele está em casa ou quando lhe apetece. Procura um interruptor e acende uma placa onde se lê