Neandertais homens das cavernas com mau feitio, talvez haja bons motivos para deixar esta ilha esquecida no tempo por mais uns séculos.
É um sítio único no mundo, uma inesperada bolha onde o passado não se extinguiu. Porém, entre pterodáctilos gigantes, lagartos carnívoros
Fica no Pacífico Sul, mas não é propriamente uma ilha paradisíaca. Desde logo pela orla costeira, rochosa, rodeada de falésias, sem praias ou portos. Aliás, é uma ilha extremamente inacessível, quase um castelo natural, e será porventura por esse motivo que se tem mantido preservada na sua peculiar ordem natural – mas já lá vamos.
Como toda a fortaleza, Caspak também tem um ponto fraco: um rio subterrâneo que desagua abaixo do nível do mar. Seguindo-o por um túnel sinuoso, desemboca-se num enorme lago interior, que se suspeita ser uma caldeira vulcânica. Ao aproximar-se das margens, o visitante mais informado reparará no aspeto pré-histórico da vegetação, onde se destacam fetos de 70 metros de altura, e canas de milho do tamanho de prédios de quatro andares. A fauna não destoa: plesiossauros, alossauros, pterodáctilos, auroques e rinocerontes lanudos são algumas das espécies que se pode avistar, mas há que manter os olhos atentos aos pequenos lagartos e répteis carnívoros que vivem nos cursos de água. Esses não são, contudo, os maiores perigos.
O predador mais selvagem de todos também habita as florestas e montanhas de Caspak, e é com ele que o viajante deverá ter mais cuidado, já que ataca e mata quaisquer estranhos que encontre pela frente. Há humanos de diversas espécies: homens-macaco, neandertais, Homo sapiens, mas também uma raça que evoluiu ao ponto de desenvolver asas (e querer dominar todos os outros), e habita agora a ilha vizinha de Oo-Oh. Há um curioso padrão geográfico na distribuição da população: os povos mais primitivos estão no sul da ilha, e os mais evoluídos no norte. O sistema reprodutivo, esse é motivo para todo um tratado sobre a evolução das espécies: as mulheres imergem-se em tanques de água quente onde libertam os seus óvulos. Estes transformam em girinos e depois desenvolvem-se em peixes, répteis ou, caso mais raro, nos patamares mais baixos da escala da evolução humana (os holu), a partir de onde começam a ascensão até ao estado galu. Há sítios que são toda uma viagem no tempo. Caspak é também uma viagem na evo-lução – não recomendável a criacionistas.