Volta ao Mundo

WILEY POST

AVIADOR (1898-1935)

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Wiley

Post levantou voo pela última vez em 1935. Tinha grandes planos em mente, nomeadamen­te a criação de uma linha de transporte aéreo entre o Alasca e a Rússia, mas, devido a sérios erros de construção, o avião que pilotava não conseguiu ganhar altitude e despenhou-se. Teve morte imediata, final trágico para um dos grandes heróis da aviação – porém, coerente com o modo como levou a vida. Obstinado, ousado, intrépido, Post construiu ele próprio o avião que imaginou para a empreitada, com peças de três modelos diferentes, ignorando preceitos basilares da aeronáutic­a. E, mesmo com as probabilid­ades a seu desfavor, fez-se aos céus. Como sempre fez.

Odestinonã­ofoigenero­so com Wiley. Em criança, andou de casa em casa, filho de uma família humilde de agricultor­es, e na escola não foi além do 7º ano. Aos 15 viu a demonstraç­ão de voo de um avião Curtiss e aquilo mexeu com ele. Inscreveu-se na escola de aviação e, feito o curso,logo se alistou no exército, mas a guerra terminou antes de lhe dar a oportunida­de de voar. Trabalhou depois como operário num campo petrolífer­o, com um ano de interregno para cumprir pena por assalto à mão armada, e fez parte de um «circo voador». Até que um azar mudou tudo. Em 1926, um acidente de trabalho custou-lhe o olho esquerdo – problema tremendo para quem queria pilotar, dado que afeta a perceção de profundida­de.

Não, o destino não foi generoso. Ainda assim, Wiley não desistiu. Com o dinheiro da indemnizaç­ão comprou o seu primeiro avião. Um par de anos depois, vencia o Air Derby Los Angeles-Chicago. E decidiu lançar-se noutros voos: bater o recorde de circum-navegação de 21 dias, registado pelo dirigível Graf Zeppelin em 1929. Em 1931, completou, com o navegador Harold Gatty, a primeira volta ao mundo de avião, em menos de nove dias. Para calar rumores de que o mérito era de Gatty, elevou a fasquia. Dois anos depois, fez o primeiro voo solitário de circum-navegação, em 7 dias, 18 horas e 49 minutos. Vencida a distância, focou-se na altitude, atingindo os 12 mil metros, marca então inédita para um avião. Post tornou-se um herói americano, ao nível de um Lindbergh – mas com metade da capacidade de visão. Obstinado, ousado, intrépido. Até que, em 1935, levanta voo pela última vez.

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