Volta ao Mundo

Budapeste

Cidade de curas e tradições

- TEXTO DE NUNO MOTA GOMES FOTOGRAFIA­S DE PEDRO CORREIA/GLOBAL IMAGENS

Seis roteiros pela capital húngara.

A capital da Hungria renasceu, modernizou-se e tem muito para oferecer. Da história marcante à arquitetur­a imponente, do Danúbio aos jardins, do vinho à comida, da vida ativa à noturna. Não é difícil perceber o motivo de ser um dos destinos europeus mais desejados. O passado não se esquece, mas a vida continua.

Budapeste tem melhor fama do que a Hungria. A capital está entre as cidades mais seguras do mundo e é das mais verdes da Europa. Tem uma população jovem, a vida faz-se muito de bicicleta por ciclovias, o turismo é bem-vindo e há um encanto que paira nas ruas – tanto de verão como de inverno. E os meros duzentos quilómetro­s que a separam de capitais como Bratislava e Viena são uma constante competição. A cidade austríaca é a que mais luta dá, mas não vem de agora. Na Hungria houve sempre o gosto por construçõe­s megalómana­s que intimidass­em o vizinho do lado: a segunda maior sinagoga do mundo, o terceiro maior parlamento do mundo, uma das maiores basílicas da Europa ou um castelo com mais de trezentos metros no topo de uma das colinas sobre o rio.

De dia a vida é tranquila, está tudo relativame­nte perto, os transporte­s funcionam bem e, à hora de ponta, o trânsito no centro é caótico – o normal. Depois, ao contrário do que muita gente possa dizer, o povo parece simpático e gosta de receber quem vem por bem – pelo menos na capital. A maior parte da população (mais jovem) fala inglês e isso é meio caminho para uma agradável troca de palavras. Durante um dos jantares, entre uma prova de vinhos, disseram-nos que encontrava­m na sua terra e nos seus hábitos algumas parecenças com Portugal. Mas claro, tirando o mar e o jeito para o futebol.

Só há pouco mais de duas décadas é que o país passou por cima dos «amaldiçoad­os 40 anos de sonhos desfeitos». Foi não só o fim do regime soviético como o fechar de uma porta ainda maior que só guardava tragédia acumulada: invasões, duas guerras mundiais, bombardeam­entos, milhares de judeus com o pior dos seus destinos. Depois, o piscar de olho à União Europeia e a sua entrada, em 2004, trouxeram ao país a prosperida­de que merecia. E está bem à vista, como pudemos comprovar em seis vertentes.

1 Ar livre

Se há coisa que liga com Budapeste é estar na rua e aproveitar os seus recantos. Esteja ou não bom tempo, é tão comum ver madrugador­es a correr, junto ao rio, como tantos outros a dar utilidade às ciclovias, também por desporto ou para se deslocarem durante a rotina. É a vantagem de se viver numa cidade plana, especialme­nte do lado de Peste, que é onde tudo acontece. Entre as duas margens, há a ilha Margarida (Margit-sziget), que é um autêntico refúgio. É a maior fatia verde de Budapeste, onde se chega por uma das pontes e onde não faltam sombras, relvados, piscinas, e no verão os festivais preenchem a agenda cultural. Quem ali entra sente-se saudável com tanta gente a praticar desporto. Uma boa ideia é seguir o exemplo e optar por pedalar, já que carros não são bem-vindos. O outro pulmão é o Parque da Cidade (Városliget), no limite do centro de Peste. Fica a três quilómetro­s do Danúbio, mas dá para lá chegar facilmente de metro – aquele que é o segundo mais antigo da Europa (1896), depois de Londres (1863). Mas engane-se quem pensa que é apenas mais um parque, ali há um lago que no inverno vira pista de gelo: é só o maior rinque de patinagem da Europa e um dos mais antigos. Funciona desde 1870 e está de frente para o gótico Castelo de Vajdahunya­d, uma cópia do icónico Castelo de Hunedoara, na Roménia. E falando em ar livre, é também no Parque da Cidade que estão as mais famosas termas do país.

Escolhemos seis itinerário­s para descobrir a cidade – ar livre, banhos termais, bairro hipster, mercados, noite, partindo de Peste. Dois dias chegam para tudo.

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O rio Danúbio e as pontes que o atravessam, uma das imagens de Budapeste.
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